Terça,
28.
Não
é que me importe ou tenha medo de estar só, mas agrada-me ter por companhia o
senhor William Bourdon, advogado francês, que tem defendido vários hackers, entre eles Rui Pinto. Diz o
ilustre maître: “Rui Pinto deveria
ser o orgulho de Portugal.” Eu ando a dizer o mesmo há pelo menos um ano. A Polícia,
os inteligentes e honestos empresários que também os há embora poucos, sobretudo
os cidadãos portugueses no todo, deviam gritar na rua para que o rapaz saísse
da prisão e fosse agraciado pelos altos serviços que prestou ao país,
denunciando os jogos financeiros e a corrupção escabrosa que os vários grupos
económicos e do Estado, tramaram na sombra ao longo de muitos anos contra o
povo angolano e o português.
- Pedro Abrunhosa que não é parvo de
todo, na entrevista que deu ao Público outro dia, diz que “os políticos deviam
ter uma remuneração mais digna”. Esta afirmação vai no mesmo sentido daqueles
que dizem por ganharem pouco os políticos são mais afeitos ao suborno. Primeiro,
a honestidade e a honorabilidade não têm preço; segundo, se os políticos ganham
pouco o que se dirá de pelo menos oitenta por cento do povo português. Abrunhosa
não diz que com o salário de cada deputado ou ministro, segue um cheque paralelo
e também um cartão de saúde e a reforma com apenas dois ou três mandatos. Eu conheço ex-deputados que auferem subvenções
vitalícias de milhares de euros. Enquanto o país não conseguir dar dignidade
aos seus cidadãos, não se deve preocupar com um grupo de pessoas que ganham de
vários lados e a primeira coisa que perguntam quando lhes acenam com um cargo
é: “Quanto toca?” A Assembleia em peso bem paga! Eles são tantos! A maioria só
trabalha levantando o rabinho e voltando a sentá-lo na cadeira naquele
anfiteatro de sombras! Quantos mais impostos teríamos de suportar para os
tornar gente honrada, honesta e digna?
- Acabei de chegar de Lisboa. Acendi a
lareira e escuto o murmúrio que o fogo faz à janela do fogão. Um resto de sol emergiu
do fundo do horizonte apresentando-se ao dia que não tarda o substituirá pela noite.
Estou como sempre estive, maravilhado.