terça-feira, janeiro 28, 2020

Terça, 28.
Não é que me importe ou tenha medo de estar só, mas agrada-me ter por companhia o senhor William Bourdon, advogado francês, que tem defendido vários hackers, entre eles Rui Pinto. Diz o ilustre maître: “Rui Pinto deveria ser o orgulho de Portugal.” Eu ando a dizer o mesmo há pelo menos um ano. A Polícia, os inteligentes e honestos empresários que também os há embora poucos, sobretudo os cidadãos portugueses no todo, deviam gritar na rua para que o rapaz saísse da prisão e fosse agraciado pelos altos serviços que prestou ao país, denunciando os jogos financeiros e a corrupção escabrosa que os vários grupos económicos e do Estado, tramaram na sombra ao longo de muitos anos contra o povo angolano e o português.

         - Pedro Abrunhosa que não é parvo de todo, na entrevista que deu ao Público outro dia, diz que “os políticos deviam ter uma remuneração mais digna”. Esta afirmação vai no mesmo sentido daqueles que dizem por ganharem pouco os políticos são mais afeitos ao suborno. Primeiro, a honestidade e a honorabilidade não têm preço; segundo, se os políticos ganham pouco o que se dirá de pelo menos oitenta por cento do povo português. Abrunhosa não diz que com o salário de cada deputado ou ministro, segue um cheque paralelo e também um cartão de saúde e a reforma com apenas dois ou três mandatos.  Eu conheço ex-deputados que auferem subvenções vitalícias de milhares de euros. Enquanto o país não conseguir dar dignidade aos seus cidadãos, não se deve preocupar com um grupo de pessoas que ganham de vários lados e a primeira coisa que perguntam quando lhes acenam com um cargo é: “Quanto toca?” A Assembleia em peso bem paga! Eles são tantos! A maioria só trabalha levantando o rabinho e voltando a sentá-lo na cadeira naquele anfiteatro de sombras! Quantos mais impostos teríamos de suportar para os tornar gente honrada, honesta e digna?


         - Acabei de chegar de Lisboa. Acendi a lareira e escuto o murmúrio que o fogo faz à janela do fogão. Um resto de sol emergiu do fundo do horizonte apresentando-se ao dia que não tarda o substituirá pela noite. Estou como sempre estive, maravilhado.