Quarta, 8.
Para poder recentrar os
dias em torno de O Matricida, tenho
evitado ir a Lisboa. Isto não obstante os inúmeros convites dos tertulianos, da
Alzira e da Conceição (de Sintra). Estou na fase de interiorização do tema,
torná-lo mais acessível a mim mesmo, mais próximo do acto da escrita, da
atmosfera que me cerca quando escrevo um romance. Porque uma obra desta
envergadura, limita-nos a liberdade individual, torna-nos prisioneiro das
personagens, dos seus ritmos, dos seus estados de alma, em suma, das suas existências.
Irei sexta-feira para me distrair.
- 20 milhões de dólares foi quanto Carlos Ghosn despendeu
para fugir ao fisco nipónico. É por estas e muitas outras razões que estes
tipos precisam de milhões e milhões não lhes bastam. Os pobres cometem uma
pequena infracção, logo os hospedam atrás das grades. Ghosn como Ronaldo, José
Sócrates e outros mais, pagam para fugir da humidade e isolamento da prisão.
São tão criminosos como os outros, mas possuem dinheiro para a comprar a áurea
de santidade.
- António Guterres devia bater com a
porta, uma vez que não passa de um bonifrate nas mãos de Donald Trump. Que
virou ditador ignorando as instituições e matando como um rei despótico atacado
de vingança. Actua contra tudo e todos, faz como quer e lhe apetece, ignorando
as normas internacionais, como aconteceu com o ministro dos Negócios
Estrangeiros do Irão que devia discursar nas Nações Unidas e Trump ordenou a
proibição de entrada no país.
- Centenas de pessoas feridas e meia
centena de mortos no funeral de Soleomani,
em Kerman sua terra natal. Não se sabe o que aconteceu, mas tudo leva a querer
tratar-se de atropelo de um milhão de pessoas gritando vingança à América. Por
isso, o enterro teve de ser adiado. Entretanto, para adensar a tragédia que já
vai tremenda, um avião com quase duas centenas de pessoas, caiu em solo
iraniano não sobrevivendo ninguém.
- Enquanto os franceses lutam para manter a reforma aos 62 anos, nós
vamos nos 67 e ninguém refila. Chou Chou anda em maus lençóis porque os
gauleses não são gente que se cheire. As greves já duram há mais de um mês, e têm
o mérito de pôr em sentido o pobre banqueiro. Que começou por excluir as anteriores
excepções da reforma tradicional para as repor na quase integridade no sistema
de pensões por pontos e mesmo assim ninguém a aceita. A Suécia tem uma coisa
semelhante e eu ouvi numa televisão estrangeira qualquer, uns velhotes queixarem-se que cada ano ficam mais pobres.
- Green mesmo com o desassossego no corpo (quem não o teve?), não deixa
de ser um grande escritor. Vou na página 620, a meio, portanto, do seu Journal Intégral. Vou ter que abrandar
para não acabar sem visão.