Segunda,
27.
Comemoram-se
75 anos de Auschwitz. Eu que percorri o campo de Auschwitz-Birkenau de lés a
lés o ano passado por esta altura, e saí de rastos carregando uma dor indescritível,
desejo que os homens não voltem às cavernas da civilização. E que os judeus não
tenham a tentação de imitar os ferozes nazis como, por vezes, na história
recente parece quererem fazer. Aquilo é uma extensa área de morte, dor, gritos,
sangue e por todo o lado ainda se ouvem os inocentes gritar por misericórdia.
Deixámos o campo em lágrimas, o coração apertado, o passo vacilante acompanhado
de uma prece murmurante. Foi dificílima a visita, mas não podemos abandonar ao
esquecimento quem do outro lado desconhecido de nós espera a nossa compaixão.
- Disse ao Corregedor que tinha
rescindido o contrato que tinha com a NOS, porque não estava para engordar
corruptos e gananciosos. Resposta: “Eu também devia fazer o mesmo.” Registo o
pretérito imperfeito.
- Hoje estive ao telefone com o Simão
uma data de tempo. Está preocupado em encontrar casa no curto período que lhe
foi dado para deixar o apartamento do Areeiro. Vi não sei onde que Portugal
teve o maior aumento do preço das casas o ano passado. É a “modernidade” da
dilacerante senhora Cristas que saiu este fim-de-semana de cócoras do partido –
mas devia ter saído apedrejada.
- Está prevista uma greve geral da
função pública a que se somam outras como a dos médicos e assim. Este é o
Portugal encantado do Mágico.
- Dia chove-não-chove, húmido. Escrevo à
minha mesa de trabalho, de frente para a paisagem verdejante que se agita um
tanto. Tenho um concerto para violino em fundo (Vivaldi?) oferecido pela Antena
2. O céu está tão baixo que com um pequeno esforço fechava-o nas minhas mãos.