segunda-feira, janeiro 27, 2020

Segunda, 27.
Comemoram-se 75 anos de Auschwitz. Eu que percorri o campo de Auschwitz-Birkenau de lés a lés o ano passado por esta altura, e saí de rastos carregando uma dor indescritível, desejo que os homens não voltem às cavernas da civilização. E que os judeus não tenham a tentação de imitar os ferozes nazis como, por vezes, na história recente parece quererem fazer. Aquilo é uma extensa área de morte, dor, gritos, sangue e por todo o lado ainda se ouvem os inocentes gritar por misericórdia. Deixámos o campo em lágrimas, o coração apertado, o passo vacilante acompanhado de uma prece murmurante. Foi dificílima a visita, mas não podemos abandonar ao esquecimento quem do outro lado desconhecido de nós espera a nossa compaixão.




         - Disse ao Corregedor que tinha rescindido o contrato que tinha com a NOS, porque não estava para engordar corruptos e gananciosos. Resposta: “Eu também devia fazer o mesmo.” Registo o pretérito imperfeito.

         - Hoje estive ao telefone com o Simão uma data de tempo. Está preocupado em encontrar casa no curto período que lhe foi dado para deixar o apartamento do Areeiro. Vi não sei onde que Portugal teve o maior aumento do preço das casas o ano passado. É a “modernidade” da dilacerante senhora Cristas que saiu este fim-de-semana de cócoras do partido – mas devia ter saído apedrejada.

         - Está prevista uma greve geral da função pública a que se somam outras como a dos médicos e assim. Este é o Portugal encantado do Mágico.


         - Dia chove-não-chove, húmido. Escrevo à minha mesa de trabalho, de frente para a paisagem verdejante que se agita um tanto. Tenho um concerto para violino em fundo (Vivaldi?) oferecido pela Antena 2. O céu está tão baixo que com um pequeno esforço fechava-o nas minhas mãos.