sexta-feira, janeiro 24, 2020

Sexta, 24.
Lamento a morte do gestor do EuroBic, Nuno Ribeiro Cunha. Ao que se sabe, limitava-se a despachar o que lhe ordenava a senhorita Isabel, sua patroa. Suicidou-se decerto por vergonha de se ver exposto num escândalo que em verdade não lhe dizia respeito, mas a que estava ligado por dever de ofício. Nada está ainda esclarecido e só o tempo e as buscas dirão. Mas a grande tragédia da sua coragem, que leva consigo não só a audácia como a vergonha, deixou-nos um aterrador vazio. Inclino-me, respeitosamente, ante o seu arrojo e a sua memória. Os que ficam terão de redimir na justiça esta morte.  Dias virão que a verdade se imporá.

         - Eu subia as escadas rolantes da estação Baixa-Chiado, ele descia. Quando nos cruzámos, longa e insinuante olhadela. Era um rapaz alto, magro, tronco desenvolvido e sólido, loiro e uma expressão que denotava uns 17 anos – exemplar irresistível para Julien Green.

         - Esperam-se grandes manifestações em Paris. Chou Chou julgo que apresentava hoje a sua reforma. Por isso, as massas de povo descontente descerá amanhã e depois à rua. Já lá vai mais de um mês que toda a França não deixa de protestar. A juventude e  competência e inteligência tão apregoadas pelos nossos articulistas e comentadores atribuídas a Chou Chou, não coincidem com a opinião dos franceses: os que lhe deram 30 por centos de votos e os 70 por cento dos outros, todos nunca deixaram que o seu mandato seguisse em paz e sossego. O homem acaba sem crédito no exterior e no interior do país.


         - Alinho estas notas ao crepúsculo, sentado no salão, o computador nos joelhos. Chove copiosamente.