Terça,
21.
Vai por aí
um alarido de indignação devido facto de a menina Isabel dos Santos estar nas
bocas do mundo por ter sacado uns milhõezinhos da Sonangol para meter nas
empresas portuguesas – Nos, banco Eurobic, Sonae e passo. Estas, fazendo jus à
máxima que o capital não tem amigos, logo anunciaram que se vão separar da
infeliz africana que teve mais olhos que barriga ou dito de outro modo, teve
mais barriga que olhos. O Banco de
Portugal, como sempre muito soft profile,
diz que vai averiguar. Seja como for, aquelas empresas revelaram que
cortaram relações comerciais com a sua acionista, entenda-se, madame dos
Santos. E o Estado Português como sai disto tudo? Ora, com a inocência dos
parvos. Desde o governo Sócrates até ao actual, e tendo eu aqui há uma data de
anos dito que desconfiava de todos os movimentos financeiros que entusiasmaram
os nossos capitalistas e gestores, e insistido que ninguém indagava como é que
a “inteligente” senhorita havia arranjado tanta massa em tão pouco tempo, seria
obrigação do Banco de Portugal esclarecer-se sobre tantas operações
financeiras. De onde vem o dinheiro? Era a pergunta obrigatória a fazer. Eu
sei. Entre esta gente endinheirada, aos Estados não importa as origens da
riqueza, importa o pagamento de impostos. É com eles que os governos se
governam...
- Duas horas sentado ao sol repartidas
por Green e Bíblia (livros sapienciais). Frio e sol derramado sobre o campo.
Uma pequena hora a cortar rebentos de sobreiro em torno das amendoeiras. Depois,
precavendo-me, reservei hotel no centro de Budapeste. Falta-me informar o Robin
do dia da chegada. Um fogo desde manhã cedo na lareira da cozinha. Lá fora a
erva agita-se sob a batuta do vento. Aqui dentro paz e silêncio. Não deixei por
um minuto este espaço adorado.