Domingo, 19.
Um
triste fim espera Macron. Depois de ter ambicionado o poder com tal
exasperação, ei-lo hoje perseguido por uma foule
de descontentes que vai ao ponto de o acossar até ao interior do teatro
onde assiste a um espectáculo. Dizem os revoltosos, assim como os grevistas dos
transportes, que vão mudar de táctica, posto que os dias de paralisação não
foram suficientes para demover o rei da sua conduta. Doravante, irão no seu
encalço vá ele para onde for. Ele e os seus governantes.
- Se as populações, o próprio Estado,
fizessem o que fez a Fundação Calouste Gulbenkian que exigiu de volta o
dinheiro que havia oferecido para apoiar as vítimas dos incêndios de 2017,
maior cuidado e honestidade passaria e existir em Portugal. A Fundação, quer
uma indemnização de 482 mil euros, após o despacho do MP ter deduzido acusação
contra 28 arguidos que colaboraram em fraudes de construção de casas que eram
segundas residências e não primeiras como a lei estabeleceu.
- Ontem convidei um rapaz a almoçar para
lhe agradecer o trabalho que teve em me instalar novos programas de acesso à
Internet. O repasto aconteceu no Chiado e decorreu para minha infelicidade enfarpelado
de salamaleques. Depois fui à Anchieta ao encontro do Simão com quem estive à
conversa um certo tempo. Não queria estar no seu lugar, nem de centenas de outros
em idêntica situação como, por exemplo, o Príncipe que vive na casa onde nasceu
há quarenta e tal anos. Todos sofrem da incerteza de um tecto. A lei Cristas
foi a coisa mais obscena que algum dia se produziu em Portugal. Daí a farronca
ter sido reduzida a uma espinha de peixe putrefacto. Simão, está sob a faca de
Dâmocles: tem um mês para deixar o andar que tinha alugado há cinco anos (nem
tanto, talvez). No caso do Príncipe, a renda foi aumentada de 100 para 300
euros e por dois anos, findo os quais o senhorio vai pedir outro aumento. Esta
vida vivida no fio da navalha, é obra da mãe de todas as mães, com o seu
pacovismo arrivista que os leitores atiraram borda fora da gestão pública. Os
socialistas que já deviam ter alterado esta violência, vivem lá no alto sem
perceberem nada do que se passa com a plebe. Estes dois amigos que possuem
milhares de livros, como vão eles encontrar casa em tão pouco tempo e porque
preço, sendo certo que dentro de cinco ou dois anos, estarão de novo numa terrível
aflição. Que vida, santo Deus!
- Li duas horas lá fora ao sol, o
Black sentado a meu lado no canapé de verga. Por volta das quatro horas
levantou-se um vento forte e gélido. O sol ia e vinha. Vou acender a lareira da
cozinha. Coração instável, uma mancha de soturnidade a instalar-se sub-repticiamente.