domingo, janeiro 19, 2020

Domingo, 19.
Um triste fim espera Macron. Depois de ter ambicionado o poder com tal exasperação, ei-lo hoje perseguido por uma foule de descontentes que vai ao ponto de o acossar até ao interior do teatro onde assiste a um espectáculo. Dizem os revoltosos, assim como os grevistas dos transportes, que vão mudar de táctica, posto que os dias de paralisação não foram suficientes para demover o rei da sua conduta. Doravante, irão no seu encalço vá ele para onde for. Ele e os seus governantes.

         - Se as populações, o próprio Estado, fizessem o que fez a Fundação Calouste Gulbenkian que exigiu de volta o dinheiro que havia oferecido para apoiar as vítimas dos incêndios de 2017, maior cuidado e honestidade passaria e existir em Portugal. A Fundação, quer uma indemnização de 482 mil euros, após o despacho do MP ter deduzido acusação contra 28 arguidos que colaboraram em fraudes de construção de casas que eram segundas residências e não primeiras como a lei estabeleceu.

         - Ontem convidei um rapaz a almoçar para lhe agradecer o trabalho que teve em me instalar novos programas de acesso à Internet. O repasto aconteceu no Chiado e decorreu para minha infelicidade enfarpelado de salamaleques. Depois fui à Anchieta ao encontro do Simão com quem estive à conversa um certo tempo. Não queria estar no seu lugar, nem de centenas de outros em idêntica situação como, por exemplo, o Príncipe que vive na casa onde nasceu há quarenta e tal anos. Todos sofrem da incerteza de um tecto. A lei Cristas foi a coisa mais obscena que algum dia se produziu em Portugal. Daí a farronca ter sido reduzida a uma espinha de peixe putrefacto. Simão, está sob a faca de Dâmocles: tem um mês para deixar o andar que tinha alugado há cinco anos (nem tanto, talvez). No caso do Príncipe, a renda foi aumentada de 100 para 300 euros e por dois anos, findo os quais o senhorio vai pedir outro aumento. Esta vida vivida no fio da navalha, é obra da mãe de todas as mães, com o seu pacovismo arrivista que os leitores atiraram borda fora da gestão pública. Os socialistas que já deviam ter alterado esta violência, vivem lá no alto sem perceberem nada do que se passa com a plebe. Estes dois amigos que possuem milhares de livros, como vão eles encontrar casa em tão pouco tempo e porque preço, sendo certo que dentro de cinco ou dois anos, estarão de novo numa terrível aflição. Que vida, santo Deus!


         - Li duas horas lá fora ao sol, o Black sentado a meu lado no canapé de verga. Por volta das quatro horas levantou-se um vento forte e gélido. O sol ia e vinha. Vou acender a lareira da cozinha. Coração instável, uma mancha de soturnidade a instalar-se sub-repticiamente.