Sexta, 30.
O Presidente russo que habilmente geriu a
guerra na Síria, acaba de anunciar que Damasco e oposição aceitaram negociar o
fim da guerra. A este plano, ainda por cima, conseguiu arrastar os países
vizinhos. O que deixou os americanos a falar sozinhos, eles que semeiam a
desgraça onde se metem.
- A gente chega a este país e é como se entrasse num mundo outro,
algures num espaço sem movimento, fechado sobre si, imobilizado numa estratoesfera
que nenhum cientista descobriu. Percebemos isso quando viajamos, quando estamos
em contacto com outros povos e formas de ser. Aqui, desde a informação à
governação, é tudo de uma sombria incapacidade, feito de coisas miúdas,
comezinhas, de palmadas nas costas, num ritual de empregadas de limpeza que
costumam encostar a vassoura, cansadas, para dois dedos de má-língua sobre as
vizinhas. O discurso político é trica, indirectas, argumentação falaciosa,
repetição de lugares-comuns, lengalenga que se arrasta por dias e meses, deslumbre
por coisas insignificantes. O chico-esperto é aqui o rei que dá cartas e
anuncia fortunas. Tudo o que escuto hoje, já ouvia antes do 25 de Abril de
1974.