Quinta, 29.
O que seria destas damas e damos votados
à benevolência nesta quadra, se não existissem pobres neste pais? Se a esquerda
que prometeu erradicá-los no tempo do outro senhor, tivesse concretizado o que garantiu
fazer se um dia enxotasse Salazar e Caetano do poder? E o Estado que ganha com
o IVA e não tem que se preocupar com eles porque conta com um batalhão de
seguidores de Madre Teresa de Calcutá, humanitários cidadãos, e os supermercados
que esgotam os stocks, e as madames aperaltadas à porta dos estabelecimentos
comercias em peditório, com os filhos queridos tão novos já metidos no esquema? Nenhuma destas criaturas é capaz de pôr em
prática as palavras do Senhor: “Se queres ser perfeito, vai e vende os teus
haveres e dá o dinheiro aos mendigos e terás um tesouro no céu. E depois
segue-me.” (Mat. 19-21) Ao contrário, abrindo os braços, ouvimo-los num sorriso
de satisfacção: “Abençoados os pobres! Venha a nós o vosso reino!” – dizem
estes santos dos tempos modernos canonizados no altar da hipocrisia e dos
canais de televisão.