quinta-feira, dezembro 01, 2016

Quinta, 1 de Dezembro.
Um trágico acidente de avião apagou a festa que a equipa de futebol do Chapecoense ia disputar numa final da Copa Sul-Americana. Do conjunto de jogadores só escaparam três e ao todo 71 passageiros foram mortos. Não se sabe qual a origem do desastre, embora estejam apontadas anomalias técnicas.

         - Em Alepo onde a guerra semeia todos os dias depois de cinco anos a morte, parece iminente o assalto final pelas tropas de Bashar al-Assad ajudadas pelos russos. Os habitantes fogem como podem ao inferno, as crianças levadas nos braços, os mortos enterrados à pressa, o único hospital transformado num antro de homens e mulheres condenados ao sofrimento. Todas as guerras são odientas pouco importa os motivos. Entretanto, deixou de se contar os mortos. Todos os actores envolvidos no conflito se acusam mutuamente. Teerão anunciou que mais de 1000 combatentes morreram no conflito. A propaganda é por si só assassina.

         - Uma boa história bem contada não faz um bom livro se ao leitor não chegar a voz do seu autor.

         - Esta manhã na Brasileira, misturado com os nossos artistas sempre divinos, encontrava-se na sua forma discreta o nosso ricaço. Ele e um outro que esteve armazenado por anos no Parlamento Europeu, falavam de abastanças. Eu meti a colher para dizer meia dúzias de coisas que não agradaram ao nosso simpático copioso, logo ele me replicou: “Você pode não ser rico, mas tem aspecto disso.” Gargalhada uníssona.


         - Almocei no Corte Inglês a abarrotar de gente feliz cheia de promessas de presentes natalícios. Uma conhecida “figura pública” que eu conheço de ginjeira, abancou a dois passos de mim. Chegou a falar só como a maluquinha de Arroios, sentou-se e ordenou à servente africana que lhe trouxesse de imediato a ementa porque estava cheia de pressa. Esta, com ar nobre, disse-lhe: “Tem de esperar pela sua vez.” A figurona não gostou e chamou por outra colega. Mais condescendente, a rapariga demorou-se a ouvir a lengalenga da convencida criatura, fazendo que sim com a cabeça, mas de olho na colega e ambas ajustaram na troca de olhares o tempo do serviço. Quando deixei o restaurante, ela ainda barafustava pelo prato.