Domingo,
1 de Janeiro.
Apesar
da quadra, como acontece todos os anos, há sempre atentados. Desta vez coube a
Istambul conhecer a morte num ataque a uma discoteca. Trinta e nove pessoas
foram mortas, mas Erdogan não desiste das suas políticas. O ódio semeia ódio.
- Assim que cheguei a Lisboa, vinha
louco por uma sopa. Logo entrei num restaurante com aparência de sinistro, com dealers à porta de copo de cerveja na
mão e o interior abafado dos odores de todos os sítios tenebrosos e fascinantes
da capital, sou recebido ao balcão por um rapaz de uma simpatia inesperada:
“Sente-se que vou servi-lo imediatamente.” Sentado olhei em volta e vi que
tinha num misto de admiração e surpresa todos aqueles olhos lavados da
incerteza dos dias postos em mim. Curiosamente, senti segurança, protecção,
respeito. Uma tigela de sopa de grão passado com folhas de agrião, quentinha,
não podia ser melhor para repor as energias de um largo tempo de alimentação
que o meu corpo não reconheceu. A seguir pedi uma cerveja e um prego. Este era
de tal modo gigantesco que tive de solicitar me embrulhassem uma parte para
levar comigo. Comi depressa porque a camioneta partia daí a 20 minutos.
Terminado o banquete, peguei no meu trólei, na mochila, enfiei o blusão de
pele, e saí. Ao deixar o estabelecimento, os olheiros fizeram silêncio e
afastaram-se para me dar passagem. Há muitos anos que uma refeição não me sabia
tão bem.
- Eu disse que o hotel onde estivera
hospedado em Viena era de uma modéstia e simplicidade, mas com o essencial digno
da minha pouca exigência. O facto é que me sinto bem em qualquer lado, tanto no
luxo como na pobreza. Porque para mim o importante está algures e
verdadeiramente basta-me uma mesa onde possa pousar os meus livros e o computador.
Devo confessar, contudo, que sofri horrores com o quarto que me coube. Nunca
tive uma noite inteira de sono, devido ao calor no hotel e ao colchão e edredão,
um e outro adquiridos nas feiras por tuta e meia. Um e outro feitos destas
fibras que não deixam o corpo respirar causando suores e calores insuportáveis.
Acresce que os austríacos têm por hábito aquecer as casas excessivamente. Por
isso, desde a primeira noite até à última, vivi de chaufage fechada, de janela
aberta (mesmo durante o sono) e ainda assim não houve uma única noite que
conseguisse dormir sete horas seguidas. Conclusão: andava enervado,
desconcentrado, cansado. E não me lembro de ter tido tanta satisfacção por
chegar a casa como desta vez. Logo na primeira noite, o sono reencontrou-se com
o seu habitat natural e tudo reentrou na norma.
- Claudio Borghi: “Sair do euro é a
única forma para voltar a crescer. Se o problema fosse só dos bancos, bastaria
decidir que todas as faltas de capitalização ou outras dos bancos seriam
cobertas pelo BCE.” Este dirigente da Liga Norte, diz ainda que o projecto da
União Europeia vai ficar na história “como um monstro comparável à União
Soviética”.
Um ano 2017 cheio de saúde e da presença insinuante da felicidade!