terça-feira, abril 12, 2016

Terça, 12.
Da barafunda do mundo e do caixote do lixo panamiano, saiu uma revelação assustadora: José Sócrates confessou a um jornal espanhol que se preparava para ser Presidente da República. Surpresa ou nem tanto? O homem na sua gigantesca megalomania, preparou o terreno oferecendo lugares e dinheiro a uns tantos piões de brega, distribuiu benesses, alvorou-se em escritor (mais um!), foi mesmo apelidado de “menino de ouro” pelas hostes socialistas, retirou-se para Paris para estudar francês, filosofia e decerto aprender a tocar piano – tudo conhecimentos indispensáveis ao cargo de supremo chefe da Nação. Entretanto, a Es Enterprises, citada pelo Correio da Manhã que não lhe larga a perna, diz que o Panamá esconde milhões do putativo presidente (em minúscula) da República. O homem é uma anedota, um convencido da importância que os milhões conseguidos por processos ínvios lhe outorgam. Enfim, um pobre diabo feito primeiro-ministro num país atrasado e de carneiros pastando à sombra do sobreiro do analfabetismo.

         - Que há hoje aos doze dias andados do mês de Abril, no que toca à honestidade dos homens que fazem parte do sistema democrático e da administração pública? Sim, porque todas as semanas, quando não todos os dias, estendem-se as notícias nos jornais ou abrem-se numa imagem na TV, os rostos sequiosos de poder e riqueza, um e outra conseguidos à força do crime que povoa a terra inteira e nos vai conduzir a uma guerra futura. Desta vez, às primeiras horas da manhã, uma equipa policial entrou desabrida por várias repartições fiscais e prendeu para cima de uma dúzia de funcionários, dos graduados aos mangas-de-alpaca. Andaram eles a passar declarações de regularização de dívidas com dados falseados, permitindo deste modo às empresa concorrerem a obras e projectos estatais. Esta fraude, já eu a conheço desde os tempos em que dirigi empresas. Foi-me muitas vezes proposta contra envelope recheado quando tinha de concorrer com campanhas de publicidade a organismos do Estado. É da lei que qualquer firma que queira trabalhar com o Estado, tenha os seus impostos em dia. No meu tempo para falar como os velhos ou como os Evangelhos in illo tempore, era rara a sociedade que não devesse ora ao fisco, ora à Segurança Social.

         - A alegoria de Cébés de Thèbes equipara-se pela sua grande dificuldade em atingir a sagesse, ao caminho que Deus nos convida a trilhar para alcançarmos o reino dos céus. Ambos são duros e tocam-se na exigente opção que nos solicitam. Para aceitarmos fazermos parte daqueles que serão os Eleitos, temos de renunciar a tanta coisa que deixamos de ser humanos para nos tornarmos divinos.