Segunda, 4.
Ao mundo da informação acodem diariamente
duas espécies de notícias: a da corrupção praticada por aqueles que dizem ser
os nossos abnegados representantes e protectores e as que dizem respeito ao
futebol com todo o espectáculo alienante que se conhece. Subsidiariamente os
dois cosmos, têm como coadjuvantes grandes escritórios de advogados que fazem
deles os anjos-da-guarda dos bons costumes e honestidade. Sob estas bandeiras
vegetam milhões de seres trabalhando como escravos para que eles possam
acumular fabulosas riquezas por métodos que aos escravos estão interditos. Fazem-no
porque os Estados, sabendo dos processos criminosos, nada fazem para os embargar.
Portugal, como eu já aqui disse muitas vezes, está cheio de firmas de
advogados, nomes sonantes que passaram pela política e aí aprenderam a arte de metamorfosear
assassinos e criminosos em pessoas de cristalina exemplaridade. Por isso, não
me espanta que métodos semelhantes ocorram no Panamá com a firma de advogados
Mossak Fonseca. O grupo de jornalistas de que já nestas páginas falei, acaba de
revelar informação importante sobre o reino obsidiante daqueles que nos vendem
gato por lebre. Estão lá todos, desde
Putin a um famigerado português das berças nortenhas, passando por monarcas,
dirigentes políticos, malta do futebol, todos com “empresas” constituídas no
paraíso dos offshores panamiano. Gostava
de saber se José Sócrates também lá mora. São 11 milhões de documentos que vão
necessitar de meses para serem descodificados. Depois, com toda a certeza, o vozeirão
baixa e os mesmos prosseguem com os mesmíssimos esquemas. No saco há sempre
mais um espaço para guardar a fortuna obtida à margem da lei.
- Choveu, chove, choverá.
- O solitário é quem melhor se aproxima, compreende e solidariza com seu
semelhante.