domingo, abril 24, 2016

Domingo, 24.
O ex-ministro do PSD e empresário próspero, Ângelo Correia, também está entre os políticos que chafurdam na merda panamiana. Surpreendidos? Eu nem um pouco. Basta acompanhar a trajetória política do cavalheiro, ouvir a ladainha melodiosa que contradiz o seu carácter, observar o caminho através da floresta de enganos que são os seus pares, para perceber a natureza do sujeito.

         - Há medida que avanço na biografia de George Sand escrita por André Maurois, mais sinto como uma necessidade urgente, ler Histoire de ma Vie contada pela própria.  


         - Ontem, ao descer do meu quarto, peguei ao azar num dos volumes do Diário de Julien Green, no caso Ce qui reste de jour. Sentado no salão, folheei-o relendo as páginas sublinhadas, recordando as tardes de leitura no meu apartamento de S. Marçal, a janela da varanda aberta, a presença da Isabel refastelada no sofá alemão. Li-lhe após o jantar esta passagem: “Que celui que veut être mon disciple prenne sa croix et me suivre.” Combien veulent-ils de la croix, cette croix impossible à éliminer pour qui veut être le disciple du Christ? Ai-je la mienne? Il m´est arrivé de me demander. La chasteté, la terrible renonciation, cette croix, je ne la porte pas vaillamment, je la traîne  et souhaiterais parfois qu´il me fût permis de la laisser là, un jour, ou une heure. Il y a des années que je voulais dire cela. Isabel, tocada com o que acabou de ouvir: “Oh, como é possível!” Green ia nos sessenta e nove anos! Viveu até aos 98. Imagine-se a pesada cruz que teve de carregar! A Igreja Católica tem feito muito mal aos fiéis e enquanto não resolver ela própria os seus problemas relativamente à sexualidade, os cristãos terão de se voltar directamente para Deus, porque Ele que nos criou, fez-nos tal qual somos, um a um, com as nossas particularidades e condição - e portanto livres para sermos como somos.