Quarta, 6.
A teia dos corruptos governantes que
impõem uma vida serva aos seus súbditos e que o consórcio de jornalistas vai
decifrando, dilata-se por todo o mundo. Todos sem excepção dizem-se inocentes
ou remetem para as extremosas esposas ou amigalhaços do peito o depósito dos
seus roubos. Foi a técnica utilizada por Sócrates e que tem dado um trabalhão
aos esforçados juízes e ao Ministério Público deslindar. O primeiro dos ladrões,
já caiu. Não deixou o poder por vergonha ou arrependimento, mas porque o povo
de pouco mais de trezentos mil habitantes, logo que soube da usurpação, 10 mil invadiu
a rua exigindo a demissão do primeiro-ministro da Islândia. A este gesto chamo
eu civilismo, responsabilidade política, participação no todo da nação. Nós por
cá, fazemos o contrário. Alguns foram os políticos que tendo roubado e
malbaratado o erário publico, voltaram a ser eleitos. José Sócrates fez tudo o
que lhe apeteceu, Passos Coelho teve um milhão de pessoas a protestar nas ruas,
e ambos pura e simplesmente ignoraram a expressiva manifestação da vontade do
povo. Sobra, entre outros, David Cameron. O pobre coitado, utiliza a
caranguejola muito conhecia de empresários e deputados, ministros e gestores
públicos, que consiste em pôr no nome do pai os valores que lhe couberam por
debaixo da mesa.
- Sinceramente, não vejo com bons olhos a presença de Draghi a convite
do Presidente da República no Conselho de Estado. Trata-se de um órgão nacional,
normalmente funcionando em circuito fechado, sem acesso aos portugueses que nunca
sabem o que lá se discute. Vejo até como uma interferência nos destinos de um
país que devia ser soberano e saber-se governar sem as ajudas de um homem que
só vê números. Bem sei que há muito Portugal é administrado pela máfia de
Bruxelas, mas ver descer tão baixo as capacidades nacionais, entristece-me. É,
talvez, a primeira de muitas marcelhices que nos aguardam.