sexta-feira, abril 08, 2016

Sexta, 8.
Queriam-no cá, aí o têm. Mario Draghi veio passar literalmente um raspanete a António Costa e deixar elogios ao antigo primeiro-ministro Passos Coelho, ao mesmo tempo que denunciava a existência do Plano B falado em Bruxelas e que o actual chefe do executivo sempre negou existir. Depois apanhou o avião de regresso ao seu casulo. Tudo limpo e directo.  

         - Cameron nunca me enganou. Eu sou dos que acho que em grande número o hábito faz o monge. Depois de ter negado possuir acções em “empresas” da Mossack Fonseca do Panamá, apertado, veio dizer que afinal sempre as tinha e que havia até ganho um naco de juros prontamente investidos. A hipocrisia do sujeito é tal que ainda há pouco tempo era arauto da evasão fiscal e da falta de transparência dos paraísos fiscais. Aqui está mais uma razão para em Junho os britânicos votarem “não” à permanência na UE.

         - Quero pedir desculpa aos leitores por ter achado que o nosso petit pays estava, enfim, liberto de toda a candonga e influências e traficâncias ligadas à actividade criminosa. Foi preciso o grande Aquiles ter deixado as páginas da Ilíade onde combateu Heitor, para integrar a operação que teve o seu nome, me dar conta que, afinal, continuamos a descobrir nos fundos da nossa triste condição o anátema que caracteriza o tecido social e político. De uma leva, foram apanhados na malha da corrupção e do tráfico de droga, nada mais nada menos que 15 elementos, nomeadamente, dois chefes da PJ, um cabo da GNR, dois advogados que defendiam os arguidos. O juiz Carlos Alexandre (sempre ele), madrugou, para ouvir esta plêiade de gente ilustre e honesta que durante anos esteve às ordens dos cartéis do narcotráfico ganhando fortunas em vez do Estado português. O arsenal que foi encontrado para as suas acções, é impressionante: 220 equipamentos electrónicos, 25 viaturas, sete armas de fogo, 100 mil euros.

         - Eu não percebo o motivo que levou Angola a pedir ajuda ao FMI. Melhor fora e talvez mais em conta, implorarem à menina Isabel dos Santos. A senhorita viaja sempre com sacos carregados de milhões. Não há nada que a filha do patrão não compre: pessoas, instituições, castelos, bancos, jazidas de petróleo, etc. etc. etc. etc.

         - Tenho pena que João Soares tenha perdido a cabeça e oferecido “bofetadas” aos dois articulistas do Público: Vasco Pulido Valente e Augusto M. Seabra. É uma deselegância imperdoável. Não falo do ponto de vista do cargo que ocupa no actual Governo, mas do domínio dos princípios, da essência da boa educação e do convívio democrático. Eu sempre me dei bem com ele, apreciei o seu trabalho na autarquia de Lisboa, a sua independência face ao pai e, francamente, acho estranho uma tal reacção, não confere com a personalidade pacifica que lhe conheço.


         - Esta tarde, na balbúrdia da esplanada do rés-do-chão do Corte Inglês, aquela senhora distinta que parecia suspensa de um vácuo de vazio, remetida para um mundo que decerto nem ela conhecia, sacudido da imensa solidão que o seu rosto bonito irradiava.