sexta-feira, novembro 27, 2015

Sexta, 27.
Esquecia-me de dizer que ontem começámos o dia no pequeno mercado de rua de Saint-Pierre Quiberon, onde comprei uns quantos queijos de cabra, foie gras e rillettes de fabrico caseiro,  para levar comigo. Saint-Pierre é uma aldeola com um braço de mar e praia, preferido dos artistas, escritores sobretudo, com casas simples e bonitas, ruas estreitas e tradicionais, por onde sabe bem jornadear sem ter em conta os minutos e muito menos as horas. Não fazia sol, mas não chovia. O mercado, segundo Annie, não tinha a expressão da época estival. Que importa! As queijarias artesanais estavam em força, os legumes também, e os nativos, os mais velhotes, ofereciam um ar satisfeito e saudável decerto porque o que ali compram não contem a desgraça que envenena os corpos.

         - Hoje demos uma volta por Port-Haliguen do outro lado da costa. Uma impressionante marina exibia os barcos dos seus ricos proprietários. Como não havia vivalma, quedámo-nos rente à praia reino das aves negras que de cada vez que mergulham para caçar a sua presa enxugam as asas em terra, satisfeitas. O Oceano a perder de vista, estava calmo e irmanava-se com o horizonte de cinza que tudo uniformiza: rochas, pessoas, paisagem. Ao longo da costa, o silêncio do Inverno tinha-se estatelado com preguiça. Não corria uma aragem, o tempo desaparecera, a Natureza sonhava. Nós vamo-nos embora a seguir ao almoço. Domingo estarei longe daqui, a cabeça submersa ainda do mar bretão.

Robert insistiu em me fotografar diante desta sereia


         - Vagueando, perdendo-me por tudo e por nada, longe das minhas preocupações literárias, sem nada para escrever ou pensar, não tenho tido tendência para olhar o mundo que, de resto, oferece sempre de um modo monótono e triste os mesmos dramas. Assim, o recente ataque jihadista na Tunísia, em Bruxelas, as vítimas inocentes em Paris.   


         - Papa disse em Nairobi onde se encontra em missão episcopal: A experiência demonstra que a violência, os conflitos e o terrorismo se alimentam com o medo, a desconfiança e o desespero que nascem da pobreza e da frustração. Em última análise, a luta contra estes inimigos da paz e da prosperidade deve ser conduzida por homens e mulheres que, destemidamente, acreditam e, honestamente, dão testemunho dos grandes valores espirituais e políticos que inspiram o nascimento da nação.