Sexta,
27.
Esquecia-me
de dizer que ontem começámos o dia no pequeno mercado de rua de Saint-Pierre
Quiberon, onde comprei uns quantos queijos de cabra, foie gras e rillettes de
fabrico caseiro, para levar comigo.
Saint-Pierre é uma aldeola com um braço de mar e praia, preferido dos artistas,
escritores sobretudo, com casas simples e bonitas, ruas estreitas e
tradicionais, por onde sabe bem jornadear sem ter em conta os minutos e muito
menos as horas. Não fazia sol, mas não chovia. O mercado, segundo Annie, não
tinha a expressão da época estival. Que importa! As queijarias artesanais
estavam em força, os legumes também, e os nativos, os mais velhotes, ofereciam
um ar satisfeito e saudável decerto porque o que ali compram não contem a
desgraça que envenena os corpos.
- Hoje demos uma volta por Port-Haliguen
do outro lado da costa. Uma impressionante marina exibia os barcos dos seus
ricos proprietários. Como não havia vivalma, quedámo-nos rente à praia reino das
aves negras que de cada vez que mergulham para caçar a sua presa enxugam as
asas em terra, satisfeitas. O Oceano a perder de vista, estava calmo e irmanava-se
com o horizonte de cinza que tudo uniformiza: rochas, pessoas, paisagem. Ao
longo da costa, o silêncio do Inverno tinha-se estatelado com preguiça. Não
corria uma aragem, o tempo desaparecera, a Natureza sonhava. Nós vamo-nos
embora a seguir ao almoço. Domingo estarei longe daqui, a cabeça submersa ainda
do mar bretão.
Robert insistiu em me fotografar diante desta sereia |
- Vagueando, perdendo-me por tudo e
por nada, longe das minhas preocupações literárias, sem nada para escrever ou
pensar, não tenho tido tendência para olhar o mundo que, de resto, oferece
sempre de um modo monótono e triste os mesmos dramas. Assim, o recente ataque
jihadista na Tunísia, em Bruxelas, as vítimas inocentes em Paris.
- Papa disse em Nairobi onde se
encontra em missão episcopal: A experiência demonstra que a violência, os conflitos e o terrorismo se alimentam com o medo, a desconfiança e o desespero que nascem da pobreza e da frustração. Em última análise, a luta contra estes inimigos da paz e da prosperidade deve ser conduzida por homens e mulheres que, destemidamente, acreditam e, honestamente, dão testemunho dos grandes valores espirituais e políticos que inspiram o nascimento da nação.