Sexta, 24.
Tal como se previa Bruxelas nada tinha de
substancial para oferecer aos imigrantes que chegam às costas marítimas de
Itália. Aquilo que propõe ou nada é a mesma coisa. Continua a ideia de que a
Itália e sobretudo os povos fugidos da guerra e da fome que se amanhem. Cada
país está mergulhado na sua pequena-grande crise e não tem sobras financeiras
para acudir aos mais necessitados. Lampedusa é uma ilha lá longe onde todos os
dias naufragam uns milhares que até estão a mais neste mundo de privilegiados e
felizes com a vidinha que lhes coube. Mas vão pagar caro, muto caro quando os
corpos se acumularam em cemitérios improvisados e por todo o lado uma multidão
de famintos dizer de sua justiça através de métodos violentos. Quem nada teme,
arisca tudo.
- Definitivamente comigo economizar rima com gastar. Aconteceu ontem
quando ia ao encontro da Conceição e do Simão que me esperavam à entrada do S.
Luís às nove da noite para o espectáculo encenado por Jorge Silva Melo. Hesitei
em levar o carro e depois optei por ir na Fertagus. Chegado a Sete Rios (ou
seria a Jardim Zoológico?), não havia metro. Uma falha de energia tinha paralisado
todo o sistema incluindo a compra de bilhetes. Abandonei as catacumbas e subi à
superfície para apanhar um táxi que me deixou no Largo do Chiado mergulhado nos
vapores da música, da multidão desordenada, dos éteres da droga, do álcool e da
fantasia de que aquilo é que é viver. Conclusão: gastei três vezes mais que
teria despendido se tivesse ido no meu popó. E o Planeta também não beneficiou,
aliás não beneficia nunca, sendo a maior treta que a sociedade de consumo
inventou para enriquecer ainda mais.