quinta-feira, abril 09, 2015

Quinta, 9.
Dia triste o de ontem, escuro, depressivo. Como esteve sempre a chover, não deixei o meu posto em frente à janela que dá para o espaço das árvores onde as macieiras começaram desde o princípio da semana a florir. Depois do almoço observei uma hora de leitura e a seguir fui dormir uma sesta de dez minutos. A vida cumpriu-se, mas arrastada, desmotivada, ensombrecida. Nada aqui sorriu. Pelo contrário das árvores ao Black, deste ao monge solitário e ao campo, andou tudo de cerviz baixa impregnada do peso insuportável das horas.

         - Gosto muito de Alexandra Lucas Coelho. Nem sempre foi assim. Agora que ela envelheceu como todos nós, apurou a sensibilidade, tornou-se sábia pela leveza como vê a vida e no-la comunica. Há qualquer coisa de metafísico na exortação que faz da vida enquanto valor supremo e também da relevância que diz respeito às relações entre a política e a moral ou mais exactamente da política com moral. Ao lê-la apetece citar Sartre: O homem é um ser que se esquiva para o futuro.

         - Vou organizando o meu romance à medida que me encaminho para o final. Ao todo 34 capítulos, 488 páginas, 175.135 palavras, 840.166 caracteres (sem espaços), 1.603.348 caracteres (com espaços), 5.104 parágrafos, 15.908 linhas (dados fornecidos pelo computador).  

         - O Robert primeiro e a Annie depois ao telefone. Ambos prometeram que este ano vinham visitar-me e ficar aqui pelo menos uma semana. Quelle joie!