Domingo, 26.
Não queria deixar passar em claro aquele
entremeado fascista de projecto de lei que os partidos da direita ou, vá lá, do
centro direita, CDS-PSD-PS escreveram com o intuito de amordaçarem a liberdade
de informação durante as campanhas eleitorais. Quarenta e um anos sobre o 25 de
Abril, a censura, pelo que sabemos hoje, pela mão do Partido Socialista, está
de volta. O barulho foi tal, que parece que o projecto que tinha sanções
pesadas para os órgãos de informação que prevaricassem, tal como no tempo de
Salazar, recolheu à vergonha de um partido que não só arruinou o país como o
quer de novo açaimar. Eu dos socialistas espero tudo. Perguntarão, e dos
outros? Dos outros sei ao que vêm, não me enganam, oferecendo-me gato por
lebre.
- O caso José Sócrates é já um caso de máfia. Joaquim Barroca,
empresário e administrador do Grupo Lena tão querido do ex-primeiro-ministro,
foi chamado à justiça onde esteve quase um dia inteiro a responder ao grupo de
juízes que se ocupa de esclarecer como adquiriu Sócrates tantos milhões tendo
ele apenas o salário de deputado. Saiu com liberdade condicional o amigalhão do
filósofo socialista, escritor e pensador de fina água, acusado de fraude fiscal,
branqueamento de capitais e corrupção activa. A mulher do patrão do Lena também
está indiciada como fazendo parte do gang. Os camaradas socialistas parece que
já não têm dúvidas quanto ao mistério do enriquecimento do Menino d´Ouro. Só Mário Soares, talvez devido à idade, ainda
acredita no honesto e injustiçado preso de Évora.
- Vou-me oferecer mais uma semana de ripanço. Quanto mais tempo
interpuser entre mim e o romance, mais me aproximo do leitor comum. Contento-me
em molhar o lápis nestes apontamentos merdilheiros, suficientemente gostosos
para me aperfeiçoar e não perder a mão. Talvez dê um salto a Badajoz para me
abastecer do necessário para o Verão piscinal.
- Há duas passagens no diário de Gabriel Matzneff que dizem justo do
carácter de François Hollande, o drôle
d´homme como eu costumo dizer.
Primeira: Une vieille dame tombe
dans la rue. Hollande, qui passait par lá, l´aide à se relever. Elle le
remerci. Le candidat socialiste (bem sublinhado) lui sussurre, niaisement: “J´espère que vous allez voter pour moi.”
Alors, la vieille de rétorquer: “Je suis tombé sur les fesses, pas sur la tête.”
Pag. 252, Gallimard. Toma que já almoçaste. Segunda: François Hollande ce radsoc bouffeur de curé. O
escritor não manda dizer por ninguém. Pag. 203, idem.
- Um forte sismo sacudiu o Nepal com tal intensidade que deitou por
terra monumentos budistas do XVI, deixou sob os escombros das habitações mais
de 2000 pessoas e fez um número incalculável de feridos. Dizem os entendidos
que há um século que não se via nada assim. Os estragos atingiram o Everest
onde as casas de abrigo foram suplantadas pelas avalanches de neve. Aí houve
mortes, mas não se sabe ainda a extensão da tragédia.