Segunda, 13.
As crianças mortas por maus-tratos que
nos últimos tempos têm horrorizado os portugueses, serão o resultado da
destruição do padrão familiar e de outros factores que introduziram na comunidade
valores mal justapostos à sociedade democrática em que vivemos. O bastonário da
Ordem dos Psicólogos dizia há tempos que em Portugal dissolvem-se 73 por cento
dos casamentos por ano. A Igreja bem rema contra isto, mas uma sociedade cada
vez mais laica, afastada dos princípios que foram os seus ao longo de séculos,
nada encontrou ainda que os substitua com a consistência moral e cívica da
mensagem de Cristo. Não ignoro que os valores intrínsecos à qualidade humana
não têm forçosamente de passar pela fé, pelo credo de uma qualquer religião.
Todavia, esta constatação, precisa de ser apoiada por uma cultura vasta que
traga ao homem valores civilizacionais, reforçando-o contra valias de pequena
monta como a ambição desmedida assente apenas no poder que as sociedades
frágeis e miseráveis atribuem à riqueza em detrimento do outro, do
enriquecimento íntimo, humano, que oferece ao homem a simplicidade que o
dignifica e enobrece. Venderam a esta gente a ideia que só é alguém quem
possui, quem aparece montado numa dessas religiões que dão dinheiro, muito
dinheiro, que inundam as televisões e fazem de cada português um cozinheiro
célebre, um cantor internacional, um actor de telenovela, um empresário além
fronteiras, esquecendo-se de dizer que ninguém tem importância por aquilo que
possui, mas sim por aqui que é. A democracia talvez tenha trazido algum progresso,
mas não o soube acompanhar com valores substanciais, que delimitem e
compartimentem o que é acessório do que é fundamental. A aridez da sociedade
traduziu-se no abandalhamento, no laxismo, na impressão que a liberdade é
qualquer coisa e coisa nenhuma. Numa sociedade sem cultura impera a boçalidade,
o oportunismo, o novo-riquismo, a insuportável arrogância dos analfabetos. A
vida humana é um joguete nas mãos de gente que só sabe copular sem a mínima
ideia que daí pode acontecer uma vida, evidentemente desde logo não desejada e
por conseguinte usurpadora, muitas vezes simples moeda de troca de paixões e
ciúmes desordenados e doentios. Já aqui disse uma vez. A maior parte dos casais
não possuem condições morais e cívicas, conhecimentos e preparação para ter filhos.
Deviam pura e simplesmente ser impedidos.
- Depois de há cinquenta anos o mundo ter estado à beira de uma
catástrofe de dimensões imprevisíveis e ter escapado ao pior pela noite longa
que levou Kennedy a reflectir, eis que Barack Obama decide refazer a história
chamando às conversações Raúl Castro o actual homem forte de Cuba. Se a este
problema Obama conseguir somar a resolução palestina, a sua passagem pela Casa
Branca já foi um acontecimento.
- Dilma Rousselff tem de novo milhões nas ruas a pedir a sua demissão.
Como o seu antecessor, soube depressa o encanto da corrupção.
- O Papa Francisco que não tem papas na língua, disse o que devia ser
dito: que o massacre arménio há cem anos foi um genocídio. Enfim!
- Ontem comprei no mercado mensal, dezenas
de pés de morangueiros e duas árvores de fruto. Passei hoje uma parte da manhã
e da tarde a cavar, estrumar e plantar estas maravilhas. O calor somado ao
esforço, deixaram-me no limite do esgotamento. Mas satisfeito.
- Je
préférerais avoir cinquante vices contrenature qu´une seule vertu anormale.
Wilde em carta dirigida a Smithers.