Quinta, 2.
Passos Coelho num momento de delírio
disse que Portugal era dos poucos países no mundo com melhor sistema de saúde,
ignorando as mortes recentes nas urgências, os prazos para consultas e
operações, as lutas dos diabéticos e outros para continuarem em vida. Disse
também que o país pode vir a ser dos mais prósperos mesmo quando o desemprego é
alto e o mês passado voltou a crescer, quando os ordenados e reformas são de
miséria, quando todos vivem no limite da pobreza. Decididamente o
primeiro-ministro endoideceu.
- O Governo grego está em apuros para fazer face à crise que se agravou
e é aproveitada ao máximo pelos velhos gongóricos que reinam nas instâncias
corruptas da União. Eles tudo têm feito para que as ideias do Syriza não
vinguem e torcem o pescoço ao povo para o obrigar a seguir os seus tratados de
miséria e atraso social. Há, contudo, um facto que me mantém unido ao Governo
de Tsipras: é que ele lutou, apresentou ideias, bateu-se contra a Alemanha,
Inglaterra e França e tudo tem feito para estar na política diferentemente de
Portugal que se ajoelhou e executou as ordens vindas dos iluminados de
Bruxelas. Poderão objectar-me que afinal o Syriza viu-se obrigado a renegar as
promessas feitas. Eu contraponho: sim, como todos os outros mentirosos. Embora
o sentimento seja mais verdadeiro neles que num Hollande, num Sarkosy, num
Passos Coelho, num António Costa. Nestes só há cinismo e ganância de poder,
castração moral.
- Aos poucos, arrancado a saca-rolhas, vamos conhecendo o que esteve por
detrás do suicídio do co-piloto da Germanwings. O homem estava perturbado,
abatido, desesperado mas, ao contrário do que diziam os patrões da companhia de
avião, parece ele tinha dado conta do seu estado psicológico. Era isto que eu
esperava. Ninguém ignora que a massa trabalhadora – e quanto melhor paga pior –
são escravos dos accionistas das grande multinacionais que querem lucros,
milhões, muitos milhões. As low cost
são slots machines a facturar sem
descanso.
- O meu telemóvel finou-se, enfim, ao fim de quinze anos de companhia.
Andava cheio de adesivos e, como um corpo cansado de viver, a bateria começou a
falhar até que parou de vez. Espero que este que o substituiu, tenha a mesma
longevidade ainda que por estes dias tenha pensado em desistir desta modernice
que alcandora os tristes à realeza.
- Súbito e desusado calor. Comecei as regas a semana passado e
prossegui-as esta. Se isto assim continua, vou chegar ao Verão esgotado.
- A Piedade esta manhã enquanto passava a ferro: “quanto é um milhão de
euros? – Porque pergunta? – Falam tanto nos milhões de Sócrates...”