quinta-feira, abril 02, 2015


Quinta, 2.
Passos Coelho num momento de delírio disse que Portugal era dos poucos países no mundo com melhor sistema de saúde, ignorando as mortes recentes nas urgências, os prazos para consultas e operações, as lutas dos diabéticos e outros para continuarem em vida. Disse também que o país pode vir a ser dos mais prósperos mesmo quando o desemprego é alto e o mês passado voltou a crescer, quando os ordenados e reformas são de miséria, quando todos vivem no limite da pobreza. Decididamente o primeiro-ministro endoideceu.

          - O Governo grego está em apuros para fazer face à crise que se agravou e é aproveitada ao máximo pelos velhos gongóricos que reinam nas instâncias corruptas da União. Eles tudo têm feito para que as ideias do Syriza não vinguem e torcem o pescoço ao povo para o obrigar a seguir os seus tratados de miséria e atraso social. Há, contudo, um facto que me mantém unido ao Governo de Tsipras: é que ele lutou, apresentou ideias, bateu-se contra a Alemanha, Inglaterra e França e tudo tem feito para estar na política diferentemente de Portugal que se ajoelhou e executou as ordens vindas dos iluminados de Bruxelas. Poderão objectar-me que afinal o Syriza viu-se obrigado a renegar as promessas feitas. Eu contraponho: sim, como todos os outros mentirosos. Embora o sentimento seja mais verdadeiro neles que num Hollande, num Sarkosy, num Passos Coelho, num António Costa. Nestes só há cinismo e ganância de poder, castração moral.

         - Aos poucos, arrancado a saca-rolhas, vamos conhecendo o que esteve por detrás do suicídio do co-piloto da Germanwings. O homem estava perturbado, abatido, desesperado mas, ao contrário do que diziam os patrões da companhia de avião, parece ele tinha dado conta do seu estado psicológico. Era isto que eu esperava. Ninguém ignora que a massa trabalhadora – e quanto melhor paga pior – são escravos dos accionistas das grande multinacionais que querem lucros, milhões, muitos milhões. As low cost são slots machines a facturar sem descanso.

         - O meu telemóvel finou-se, enfim, ao fim de quinze anos de companhia. Andava cheio de adesivos e, como um corpo cansado de viver, a bateria começou a falhar até que parou de vez. Espero que este que o substituiu, tenha a mesma longevidade ainda que por estes dias tenha pensado em desistir desta modernice que alcandora os tristes à realeza.

         - Súbito e desusado calor. Comecei as regas a semana passado e prossegui-as esta. Se isto assim continua, vou chegar ao Verão esgotado. 

         - A Piedade esta manhã enquanto passava a ferro: “quanto é um milhão de euros? – Porque pergunta? – Falam tanto nos milhões de Sócrates...”