domingo, abril 05, 2015

Domingo, 5.
Não obstante a alegria da Ressurreição do Senhor, crimes inqualificáveis continuam a exterminar vidas inocentes. É o caso do ataque da milícia islamita da Al-Shabab à universidade de Garissa, no Nordeste do Quénia. Morreram mais de 147 alunos dos 800 que tem a faculdade e muitos estudantes foram sequestrados. O grupo ao que tudo indica tem ligações à Al-Qaeda e a sua base do crime está sediada na Somália. Muitas das raparigas e rapazes eram cristãos. Foram os primeiros a serem executados depois de uma triagem feita pelos assassinos. Aos estudantes muçulmanos foi permitida a fuga. Não foi o primeiro ataque. Em 2013, ao centro comercial de Westgate, em Nairobi, fez 67 mortos e quase duas centenas de feridos.

         - A greve dos transportes públicos nesta quadra, deixou muita gente apeada inclusive eu próprio. O transtorno maior vai para aqueles que aproveitam estes dias para umas mini-férias.

         - O resultado de o Estado aligeirar as suas obrigações, está nos 152 diplomas passados pela dita Universidade Lusófona - a tal que formou o senhor Relvas, amigo íntimo do primeiro-ministro. Vejamos se é desta que nos dizem igualmente o que se passou naquela em que o senhor Sócrates obteve o diploma a um domingo. A Educação entregue a privados é claro que só tem em mira o lucro. Tudo o mais é acessório.

         - Os Estados Unidos deitam foguetes na sequência do acordo nuclear alcançado com os iranianos. O Irão comprometeu-se a não construir novas unidades de enriquecimento de urânio. Israel parece desconfiar. A Europa, como sempre, assina de cruz. O futuro dirá se o “compromisso histórico” não passa disso mesmo – um compromisso.  

         - Tapa-se um buraco aqui, abre-se outro além. No Iémen a malta ligada ao braço direito da Al-Qaeda que se bate ferozmente na Síria ocupou o Norte do país. A ofensiva dos huthis tentou tomar de assalto o palácio presidencial de Áden, mas este retornou às forças da Guarda Republicana, fiéis ao Presidente deposto em 2011, Ali Abdallah. Para obstar ao avanço dos selvagens assassinos, uma frente de combate com a Arábia Saudita à frente, iniciou operações bombardeando a torto e a eito. Várias frentes de guerra: em Sanaa, no sul do Iémen, no estreito de Bab-el-Mandab por onde passa o petróleo e o comércio marítimo é fundamental. Os combates em terra são intensos em Áden onde os guerrilheiros ocupam quase toda a cidade. Percebe-se. A Arábia Saudita tem uma vasta fronteira com o Iémen e não avançou sozinha com a sua frota aérea. Com ela estão outros países árabes da zona. Os Estados Unidos dão instruções.  

         - Continuamos a saber muito coisa sobre o co-piloto alemão que se lançou para a morte levando consigo 150 pessoas. As últimas dizem que ele estudou na Net formas de segurança de aviões e suicídio. Que importa agora! Do que se fala pouco é da companhia de aviação onde o infeliz trabalhava. Sabia ela ou não do seu estado psicológico?

         - Na Net corre uma grande discussão sobre métodos e empresas que na Suíça e fora dela podem ajudar o escritor Gabriel Matzneff a morrer. Eu tenho ali sobre a minha mesa de trabalho para ler o seu último Diário, saído o mês passado na Gallimard, onde ele conta dia-a-dia o seu calvário. O escritor que não desdenha ser chamado de maldito, está com cancro na próstata e como sempre foi adepto do suicídio heróico dos romanos e ele próprio assistiu ao de Montherlant e nos seus livros – ensaios, romances e diários – sempre fez a sua apologia, vê-se aos oitenta confrontado com a coragem de pôr fim à sua própria vida se quiser ser coerente. Eu espero que não o faça. Sócrates só há um, e o cicuta não pertence aos nossos dias.


         - A Anabela Mota Ribeiro, perguntou ao psiquiatra José Gameiro: “E que fazer quando há uma sogra que é essa mamma latina? – As sogras não são controláveis. Ninguém consegue controlar uma mãe quando ela tem o nariz empinado. São pessoas de uma certa idade que acham que fazem tudo muito bem. Tem de se viver com isso e aceitar que aquilo que a sogra diz, paciência, disse.” Nesta resposta, está preto no branco, o retrato do casamento que anula uma parte do outro e portanto um martírio.