quinta-feira, abril 16, 2015

Quinta, 16.
Esta manhã, indo eu a caminho do Corte Inglês, sou surpreendido no metro por um rapaz com bom aspecto que abordava uma dama atónita ante a fluidez do seu discurso. Explicava o gatão que as pessoas pensam que ele é ladrão, que anda de carruagem em carruagem a tentar furtar a algum incauto. “Eu pouco me importo. Se dizem que eu roubei quinhentos euros, eu digo que é mentira. Vivo do que me dão. Afinal o prejudicado sou eu, porque fico com a fama sem nenhum proveito.” Acresce que o indivíduo, devido ao seu ar macho de boa cepa, com um ligeiro estrabismo que até o aproximava de quem o observava, se fosse no metro de Londres ou Nova Iorque, há muito que tinha sido “apanhado” por alguma ou algum amante de corpos aligeirados do orgulho viril...

         - Foi-se a Primavera, instalou-se o Inverno. Chuva torrencial, trovoada, relâmpagos, descida de temperatura. A intervalos um céu luminoso, limpo, sublime.

         - Terminei o arranjo de dois dossiers espessos de páginas. Vou-me entregar a uns dias de descanso antes de voltar a reler o romance com outros olhos – os do leitor desapaixonado e alheio ao trabalho que está por detrás da feitura de um livro. Só não sei que espécie de leitor serei eu.


         - Não me interessa o que me oferecem, interessa-me o que conquisto.