domingo, julho 31, 2022

Domingo, 31.

A capa do Correio da Manhã exibia este título: “Salários milionários no banco da bazuca” e em subtítulo: “Presidente executiva deverá receber mais 18 mil euros por mês e a não executiva 14 mil.” Na origem destes salários pervertidos, está o facto de o Governo ter eliminado os limites que estavam indexados ao vencimento do primeiro-ministro, passando os ordenados da CGD a ser a referência. A sensação que sempre tenho quando sou confrontado com estas decisões, é que os governantes se comportam como os donos disto tudo, aumentando-se a si próprios como se o país fosse a sua coutada. Para os trabalhadores, reformados, médicos, enfermeiros, professores não há dinheiro e estes só alcançam qualquer tostão com a luta intestina em que andam enredados há anos; mas para aquelas cabeças iluminadas vai o esforço intelectual e braçal de 90 por cento dos portugueses. É por isso que apoio sempre as reivindicações, mesmo aquelas que infelizmente derrapam em violência – sem esta, no Portugal dos pequeninos, não há dignidade de vida. No passado havia a canção: “Eles roubam tudo, eles roubam tudo e não deixam nada.” Nem a propósito, na missa de hoje, o tema foi a sofreguidão do dinheiro. Jesus foi explícito: “Ninguém pode servir como escravo dois senhores. Ou odiará um e amará o outro. Ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir como escravos a Deus e ao dinheiro. (Lc 16, 13.). E já agora também: “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é desonesto no pouco também é desonesto no muito Lc 16,10). Esta passagem serve inteiramente aos juízes que foram aumentados 700 euros/mês com o pretexto de manterem a dignidade e não se deixarem corromper e depois, como sabemos, alguns foram acusados de corrupção, falsificação de sentencias e afastados das funções forenses.  

         - Por esta altura o país entra no estado grandioso e a capital é um lugar apetecível sem muita da sua gente habitual (a passageira e a residente), a praga da política e seus agentes descem ao Sul para aquilo a que dizem “umas merecidas férias”. Bref. Os curiosos jornalistas, perguntam-lhes o que pensam eles ler nas tardes tórridas do Algarve, sabendo nós como eles são cultos, falam o bom português, e mostram sensibilidade ao que os rodeia... Vejamos então. Os mentirosos são na política como no resto, exibindo o floreado de títulos e autores, apenas para se darem ares de cultos. Neste quadro, temos o Pinóquio menino da mamã, que se diz muito preocupado com as Finanças do país e promete começar por ler Kissinger, seguindo por ali adiante, num total de meia dúzia (!) de títulos com sustança (só igualado a Marcelo, mas este tem as noites de insónia para preencher); Luís Montenegro, é dos mais honesto e diz ir ler apenas o livro de Barack Obama, Uma Terra Prometida; segue-se a menina do BE também, enfim, franca com um só livro e outros entreténs policiais; na área do PCP, João Ferreira não desilude e informa que lerá só dois livros; todavia, o mais sério e terno, é o líder parlamentar do PS quando confessa nunca ter lido o Dom Quixote de Cervantes e é nele, e só nele, que vai concentrar as horas livres das suas férias. Todos os outros, mesmo no descanso, não abrandam a macaquice.