segunda-feira, julho 04, 2022

Segunda, 4.

A mim revoltam-me sempre as mordomias dos políticos. Deu-se o caso a semana passada de o Presidente da Guiné-Bissau, sua excelência o senhor Sissoco Ambaló, ter alugado um jacto privado, pois então! O avião que aterrou na pista principal do aeroporto de Lisboa para embarcar o chefe de Estado com destino ao Gana onde devia participar em mais uma cimeira de blá blá blá, teve um acidente e ficou sem pneus. Em consequência, milhares de passageiros passaram pelo tormento de horas de espera, com quatro euros oferecidos pela pobre TAP para refeições e noites dormidas no lajedo da gare, 23 voos desviados para Faro e Porto, dezenas e dezenas de cancelamentos, etc. Bem prega frei Tomás! O que esta gente gasta em ruína para o planeta que apregoam defender! Que hipocrisia! Como podemos confiar neste bando que se diverte à nossa custa e polui como ninguém os céus por onde passam os aviões onde vão eles e mais uns quantos lambe-botas! Não consta que o Ambaló tivesse pedido desculpa aos portugueses e estrangeiros prejudicados. E como apêndice: alguém se lembra do blá blá blá sobre os oceanos! 

         - A reflexão que me propus fazer, é esta: que será feito da biblioteca do Sindicato Nacional dos Ferroviários? Os livros de que acima falei, adquiri-os após o 25 de Abril e imagino vendidos ao desbarato por gente não necessariamente trabalhadores da CP. Mais: o regime fascista tinha a preocupação de instruir, convidar à leitura operários, ao ponto de possuir uma biblioteca onde eles podiam conhecer as obras literárias dos nossos maiores escritores! Ou esta biblioteca foi edificada após o 25 de Abril e durara o tempo de um qualquer chefe ganhar com a sua venda? É bem possível. Porque os tempos da democracia são paradoxalmente os que produzem analfabetismo e obscurantismo e outros ismos. A função do homem nos tempos presentes é trabalhar, ganhar a vida, sonhar com a riqueza. A cultura não faz parte da sua caminhada, ela obriga a pensar, comparar, criticar, pensar e posicionar-se face a doutrinas que precisam de ser desencriptadas e que o alienam. As coisas do espírito perderam validade face à imposição económica que reduziu as pessoas a máquinas produtivas. O indivíduo aniquilou a capacidade de pensar, desfez-se de valores como a solidariedade, a comunhão social, passou a pensar só em si porque o mercado assim o exige. Para quê? Porquê? Porque a fortuna de 10 pessoas é superior à riqueza de 3100 milhões de pessoas que formam 40 % dos mais pobres do mundo, segundo o Relatório da Oxfam. “O mundo não é humano por si mesmo; o mundo só é humano quando o convertemos em objecto de discurso”, dizia Hannah Arendt. 

         - A América seja com Biden ou Trump é a mesma. Ontem, em Akron no Ohio, a polícia disparou 60 balas contra um jovem afro-americano que fugia, desarmado. Tal barbárie tem origem com certeza no asco aos africanos. É, portanto, um acto racista que os Estados Unidos já deviam há muito ter erradicado, mas que Trump acicatou.    

          - Manhã submersa. Doze linhas no romance depois de a Piedade ter saído findada a limpeza à casa das máquinas: canos, maquinismos, alfaias agrícolas, mangueiras e assim. 200 vigorosos metros de natação que nem o Michael Phelps. Olé!