domingo, julho 03, 2022

Domingo, 3.

O pobre socialista da ala esquerda do seu partido que, como bom socialista, ama coisas caras e vistosas, no caso um Porsche de alta cilindrada, mesmo depois de ter sido humilhado pelo seu mais-que-tudo, decidiu não se demitir. Esta atitude é típica da classe política portuguesa para quem o poder encandeia e eleva mesmo o mais rasca a alguém. Bem pode o homem pavonear-se, trocar alhos por bugalhos, na linha de sucessão está uma mulher que pela inteligência, trabalho, dedicação e honestidade vai passar-lhe à frente: Mariana Vieira da Silva. Se sua excelência me permite, aconselho-o a comprar outro Porsche mais potente e fazer-se às corridas de fórmula 10. 

         - Outro assunto que arrasa as ditas redes sociais, são as picadas de botox que o homem aplicou na sua pilinha de forma a que ela aumentasse e engrossasse.  O pobre rico não sabe o que fazer à sua imensa fortuna, porque isto de ser abastado, como costumo dizer, também é uma questão cultural. Os pobres de espírito compram Porches, Ferraris, Mezzaris, Bugattis e assim. Dinheiro nas mãos de patetas, é como água a brotar de um cano furado. Faça ele o que fizer, a natureza não se verga ao disparo de milhares para a corrigir. Depois, grande ou pequena, como dizem as mulheres sensatas, pouco interessa – o essencial está dentro de cada um. A menos que elas sejam do tipo daquela ricaça, proprietária de uma cadeia de hotéis em Nova Iorque que, tendo entrado na intimidade do dito patatua, dela saiu insatisfeita e desiludida com o que viu. 

         - Mais de hora e meia perscrutando no armário chinês onde guardo preciosidades. Foi preciso descer ao encontro de mim, trancar-me numa doce calmaria que raramente tenho a sorte de gozar, para descobrir tesouros que não me recordava possuir. Do tempo em que era rico, gastava rios de dinheiro a adquirir livros, objectos raros, edições maravilhosamente encadernadas, muitas primeiras tiragens, como é o caso de Os Pescadores de Raul Brandão ou Pátio das Comédias de António Sérgio ou Prosas Bárbaras de Eça de Queiroz, quase todas editadas nos inícios do século passado, uma datada de 1840, outra parte herdada, mas a maioria de grandes autores: Camilo A Sereia de 1900, Vida de Cristo de João Bautista de Castro de 1766, Fialho d´Almeida, M-Teixeira Gomes, e Cartas de Inglaterra e Cartas Familiares e Bilhetes de Paris de Eça de Queiroz, mas... com uma particularidade que vai corar de vergonha o extremista socialista hoje à frente dos destinos dos Comboios de Portugal: os dois volumes têm o carimbo da Biblioteca do Sindicato Nacional dos Ferroviários (Ed. de 1945). Este último achado, merece um comentário que reservarei para os próximos dias. Um único se não: não me atrevo a sublinhar e anotar nas margens. 

         - Apanhei um cesto de ameixas pretas. A quantidade é tal que vou ter de fazer compota. Nas árvores ficaram a amadurecer outra tanta. Fim-de-semana laborioso. Ontem mergulhei e fiz 160 metros. Hoje corre uma ventania desagradável. Felizmente tinha o meu stock de pratos confeccionados a zero, o que me levou a passar horas na cozinha. Para arquivo entraram dois novos pratos e gaspacho. De manhã cedo regas. Tudo ao trabalho: eu de um lado, o robot no aquário do outro.