segunda-feira, julho 11, 2022

Segunda, 12.

O Presidente da República e primeiro-ministro, lá andam a percorrer os locais onde o fogo abrasa e as populações desesperam. Dizem o mesmo que disseram em anos anteriores, prometem o que nunca deram, ouvem o que sempre ouviram e siga a marcha, quero dizer, com as temperaturas no “estremo” (no português de António Costa), pregam cautelas e caldos frios. Quando se fizer o balanço dos prejuízos e área ardida e se apurarem responsabilidades destes e daqueles, é certo e sempre sabido que as culpas são do chinês que nunca viu Portugal. Melhor dizendo: não somos um país inclinado a fogos, nem um povo dado a agorafobias.  

         - A roupa suja dos defuntos, lava-se nos lavadoiros públicos. O ditador angolano, mesmo depois de morto, ainda serve ao actual líder de Angola, em vésperas de eleições para renovação do cargo, como isco. A copiosa prole do falecido, opõe-se às cerimónias oficiais prometidas pelo chefe de Estado e resmunga que este está implicado na morte daquele. A fortuna que os numerosos filhos e filhas vão herdar, que devia pertencer ao Estado angolano, é a solidez com que todos batem o pé às ambições do que ocupa a cadeira pomposa da nação. 

         Faleceu o Sérgio Pombo. Gosto muito do seu trabalho, particularmente a escultura e pensei dar os sentimentos à Teresa a mulher com quem viveu e tem um filho comum. Mas a excelente pintora, não obstante ter estado separada há uma data de anos, não cicatrizou as feridas causadas pelos maus-tratos e a vida diabólica que foi a do casal – para ela o marido nunca existiu, a sua morte é um alívio para ambos.  O corpo foi encontrado no chão com uma garrafa de uísque ao lado. 

         - Por aqui com ou sem calor, a vida tem de prosseguir. Começo pelas seis e trinta a regar e só interrompo duas horas depois para me trancar em casa onde, de portadas encostadas, fundeado num doce lusco-fusco, me entrego a leituras e escrita. Depois, pelas cinco da tarde mergulho para umas braçadas sólidas e fico como Deus me fez deitado na chaise longue a ler e a bronzear. Dito isto, tudo se economiza, e fico fulo quando a Piedade se põe de torneira aberta a lavar lavatórios, pratos ou o que for. O mês passado paguei só 3,96 euros de água e mesmo a luz, apesar das quatro horas a tratar a água do aquário, tive apenas três euros a mais que nos meses anteriores. A Piedade, sem estas estruturas, paga o dobro. Eu aproveito cada gota do precioso líquido.