sexta-feira, janeiro 07, 2022

Sexta, 7.

A Maya que às vezes espreito, começou o ano a dizer que este é que o excelso para os virginianos como eu. Diz que vou conhecer o amor da minha vida, insiste hoje no mesmo e parece dirigir-me uma bênção de felicidade onde cabe também o êxito para a actividade da escrita. Registo apenas para conferir quando chegar o fim de 2022. 

         - Há, todavia, uma sombra que atravessa os meus dias, um certo balanço entre a luz e as trevas, uma desmotivação que me atira para horas em que fico suspenso a olhar sem ver o que me rodeia. As leituras e o romance, são sempre para mim momentos de grande intensidade, de felicidade crua, os únicos que trazem ao facto de ter nascido a essência de tudo o que o vida me dá e até o que me suprime, a saída do presente para um mundo onde não entram as torturas do quotidiano e eu fico distante a viver intensamente as fantasias que descem à página do computador. E contudo não me devia queixar. São passados apenas sete dias do início de Janeiro e já somo dez páginas escritas – uma lança em África para quem aprendeu a trabalhar no mais completo vagar. Portanto, Helder, coração ao alto!  Talvez a Maya seja a tua musa descida das cartas que orientam o teu destino e antevêem primaveras de uma sonoridade insigne. 

         - Consumi a manhã em meia página do romance, leitura do Público e do Figaro Magazine. Depois do almoço, sentado no sofá de verga, na tarde bêbeda de sol, li duas horas. De seguida fui cortar a erva nociva que cresceu imenso em frente à casa. Todo este trabalho – romance, leitura das notícias, do Diário de Paul Morand e com a roçadora – foi acompanhado da palração das mulheres de Zuckerberg que estão de volta. Ouvi uma centena de vezes falar do Facebook, das vidas palpitantes de interesse que por lá pululam e são a alegria do povo que não tem amigos com quem desabafar e o corte e costura da inveja medra para gáudio do inventor americano.