sexta-feira, janeiro 14, 2022

Sexta, 14.

Assisti por curiosidade ao debate entre Costa e Rio. Grosso modo, estou do lado de Rui Rio, com as suas ideias e processos de governação. Acode-me, contudo, um parecer: se aqueles são os princípios do PSD, porque razão não os puseram em prática os muitos governantes do seu partido? Com tanta gente doutorada (que ridículo ouvi-los tratarem-se reverencialmente por senhor doutor, parece que estamos na África dos sobas) e dita humanista, era natural que Portugal ao fim de 50 anos de democracia e riqueza como eles dizem, estivesse melhor colocado no ranking dos países prósperos e não houvesse dois milhões e meio de pobres, os salários fossem de escravos, a instrução periférica, a necedade gritante, a Justiça para ricos, as simetrias tão gritantes, os reformados pobres, tristes e sós. Depois, como estamos orgulhosamente sós, não houve uma pergunta sobre a reforma do sistema, a educação, a natalidade, as novas tecnologias, as reformas, a nossa posição face a um mundo que desabrocha perigoso. Só espero e desejo que os meus concidadãos não caiam na má ideia de darem a maioria a estes senhores doutores.          

         Olhando o espectáculo tenebroso de ontem, verifico que aqui como em quase toda a Europa, não há personalidades, estadistas – há propagandistas de banha-da-cobra. A democracia está transformada num ringue de mentiras, de promessas fátuas, de projectos que nunca conhecerão a luz do dia e em consequência as pessoas entregues à sua sorte. Nunca o mundo esteve tão maduro para a chegada de um qualquer ditador escudado pelas multinacionais. Alguns ensaios já se fazem ao longe. Sem comentar aquela de António Costa exibir um calhamaço que diz ser o Orçamento para o este e o próximo ano, Orçamento que foi chumbado e ele conta ser aprovado não se sabe por quem? Burrrrrrr que nojo! 

         - Almocei com a Marília e o João no República Italiana (Av. da Igreja). Um regalo de almoço, não tanto pelo que se comeu que foi vulgar, mas pela companhia. João desiludido com os políticos a pouco e pouco aproxima-se de mim. Pelo menos já o vi mais longe e mais radical. Encontrei-o indisposto de saúde e, nessas circunstâncias, pouco dado ao entusiasmo da discussão. Marília como sempre óptima, salutar, dizendo aquilo que entende, sem se importar com as posições políticas do companheiro. Ao ouvi-la falar, quem não a conhecesse, diria que eu que me exprimia pela sua boca.