terça-feira, janeiro 25, 2022

Terça, 25.

Enquanto Portugal se entretém e é animado pelas “arruadas”(a expressão fala por si), o mundo olha com apreensão o confronto entre a Rússia e a Ucrânia. Nenhum dos chamados políticos se manifestou ou teve opinião sobre o nosso destino no contexto da Europa e do mundo. Mas o que se passa na fronteira entre os dois países, é demasiado grave e para mim uma tentativa de tomar o pulso, melhor dizendo, ver até onde a deixam ir o Ocidente e os EUA na sua alucinação subterrânea de expansão ao limite do que fora a então URSS. A recusa de Putin em ter a NATO à sua porta, não é mais que o filão de qualquer coisa mais vasta que nos ameaça a todos enquanto europeus. As manobras bélicas de ajuda ao ditador da Bielorrússia há semanas, era já um ensaio que auscultava da capacidade das forças europeias. 

         - A prova do que somos em termos culturais, está no leilão da igreja do Convento de S. Francisco, em Bragança, por dívidas contraídas com o restauro. A Estado, isto é, cada um de nós, investiu há tempos na sua recuperação 1,5 milhões de euros. O conjunto franciscano medieval (séc. XIII), é Monumento de Interesse Público. A ver vamos se ali não irá nascer mais uma unidade hoteleira.  

          - Portugal subiu um ponto no Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional. Melhorou? Nada. Porque os principais corruptos estão no poder político e partidário, e não foram considerados para análise, incluindo o Banco de Portugal! 

         - António Costa, vendo as sondagens de que tanto gosta derraparem em favor do adversário, ainda tem a lata de dizer que Passos Coelho, um excelente primeiro-ministro (pese embora muita coisa com que não concordei), é culpado pelo período de austeridade que atravessámos. Tratando-nos de ineptos, pensa que nos esquecemos que essa fase terrível só aconteceu porque o governo socialista maioritário de José Sócrates, com roubos e negociatas de toda a ordem, nos arrastou para isso.    

         - Terminei o trabalho de limpeza em frente à casa. Iniciei outro, junto ao portão, onde a terra e a erva não deixavam abrir as duas portas. Domingo li 100 páginas das três obras que tenho em curso. Feita a revisão das primeiras páginas do romance, mergulhei numa espécie de pausa meditativa. Não sei se me agradam ou não. Nesse entretanto, prossigo com a escrita, tendo entrado hoje mais duas personagens: o doutor Jacob e a mulher Catarina. Todas as manhãs a quinta atapetada de um manto de erva rente ao chão, transforma-se num espaço alvo coberto da geada que caiu durante a noite. Faz frio, tenho duas lareiras acesas. 

         - Anunciam-nos que o número de pessoas confinadas por Covid-19 ou Ómicron ultrapassa um milhão! Mas estão entregues à sua sorte. Os cientistas dizem que houve um abandalhamento das medidas pessoais de protecção. É bem provável num povo com as características do nosso. Contudo, o concluiu entre Costa e a DGS (ou vice-versa) está montado para a votação: alguém vai ter que arrancar esta gente da cama para ir exercer o “direito de voto”; de contrário é a democracia, esta que temos, que fica em perigo. O que é uma pena, não é verdade?