segunda-feira, janeiro 03, 2022

Segunda, 3.

Quant à moi, quand l´argent vient, je dis tant mieux sans transport et quand il ne vient pas, je dis tant pis, sans chagrin aucun. L´argent n´étant pas le but, ne doit pas être la precupation. Il n´est non plus la vraie preuve du succès puisque tant de choses nulles ou mauvaises font de l´argent. George Sand em conversa epistolar com Gustave Flaubert num momento em que os dois se lamentam da falta de dinheiro. (Correspondance, Ed. Le Passeur, pag. 229) 

         - Estive a ler com grande interesse a entrevista que Sobrinho Simões deu ontem ao Jornal de Notícias. Temos tão poucas pessoas livres, a pensar pela sua cabeça, dispostas a dizer o que pensam sem olhar às consequências pessoais e de carreira, que é um grande presente de Natal poder usufruir por momentos de cérebros esclarecidos como o seu. Três parágrafos que vale a pena reter:

         “As ciências do lado das humanidades estão a falhar. E a saúde é muito complicada, porque não dá votos nem dinheiro. Vivemos numa sociedade que depende, para fazer dinheiro e para ter votos, da doença.”

         “O político o que quer é tratar doenças. Não ganha votos se disser que estamos todos felizes e saudáveis.”

         “Eu gostava muito de voltar a ter uma ideia do público que fosse o resultado de um compromisso de regime que não dependesse agora do partido A, B ou C, porque estes partidos, tal como estão, não estão a resolver os problemas da sociedade.” 

         Somos poucos, cada vez menos, os espíritos livres e corajosos, mas espero que os portugueses que consentem por omissão e desinteresse manter uma classe política pouco preparada, egoísta e corrupta, pensem mais naquilo que é fundamental e deixem de parte a forma de vida que vem do fascismo e a esquerda combateu e agora por ambição de votos e poder, alimenta.  

         - Manhã passada numa caixa de nevoeiro depois de nove horas seguidas de sono reparador. O silêncio que nunca é absoluto, esteve hoje alojado junto ao tapete de erva que cobre a quinta. A TSF, quando acordei, falou de debates políticos nas televisões – não vi, não vejo, porque é sempre o mesmo paleio, botado de bocas mentirosas, espécie de espectáculo insuportável, num português de caserna, que para minha sanidade mental me recuso a assistir.