quinta-feira, janeiro 06, 2022

Quinta, 6.

Ontem fui ao encontro do Fr. Hélcio para um café na Avenida da Igreja (ele mora ali perto), durante o qual pusemos em dia a choldra da vida. O tempo foi correndo e a dada altura ele propõe almoçarmos juntos. Como tinha outro compromisso no mesmo sentido, despachei-me com desejos mútuos de excelente 2022 – uma formalidade de opacidade deprimente.  

         - O portátil toca pela uma da tarde. Não conheço o número, mas decido atender. “Estou a falar com o senhor X? Falo da Endesa. - Não, não está, respondo seco. – Incomodo? – Já incomodou. Estava a fazer amor. – Oh, esta hora! Que sorte!, responde a voz do jeune homme.” 

         - Avanço a passos rápidos para o fim do calhamaço Paul Morand. A páginas 764, leio: “Les hommes cherchent dans les livres des recettes pour vivre. C´est pourquoi les écrivains optimistes partent toujours gagnants. Ils veulent en tout cas une certitude; de là vient le dégoût actuel pour la France et Renan.”  Talvez, digo eu. No século anterior, Renan que nele imperou omnipresente, nem sempre foi bem tratado. Até Green oscilou na sua devoção ao autor de Anticristo. Todavia, todo o séc. XIX foi um século do ponto de vista da exegese, extremamente interessante. 

         - Portugal é, normalmente, o país da trapalhada. Que o diga o jogador de futebol Luís Figo. No meio do carnaval político com eleições no final do mês, surge agora o problema (gravíssimo dizem eles) de como votar quando uma parte significativa está confinada. Ora, responde a DGS, levante-se o morto, leve-se à mesa de voto, e devolva-se de novo à morte. Entretanto, só hoje, houve 39.074 novos casos covid-19! Assustador.