segunda-feira, janeiro 10, 2022

Segunda, 10.

Depois de ter recusado ir no dia de Natal a casa da tia Júlia, acedi ontem e lá fui ao encontro da minha prole; Gustavo muito desenvolvido e do alto dos seus vinte e poucos anos, garboso. Os pais não envelheceram quase nada e a tia também não. Se observo isto, é porque todas e todos avelhentaram à minha volta, devido à pandemia que nos atacou psicologicamente para destruir a nossa imagem. Momentos extremamente simpáticos, discutidos, plenos de galhofa, com pontos sérios que eu sem querer introduzi e de que me arrependo. Esta mania de tudo analisar e equacionar, é uma doença que merece tratamento... 

         - Acordei com o lençol cheio de manchas de sangue. Pensei quando me deitei que havia tratado as feridas do braço e do cotovelo, mas o que vi obrigou-me a fazer novo curativo. Que tombo, hei!  

         - Por arrasto do telejornal da SIC, acabei assistindo ao primeiro (para mim) debate para as legislativas. Gostei. Ambos defenderam os seus programas, civilizadamente, António Costa e Francisco dos Santos, embora, tanto um como outro, não me tivessem convencido no seu jogo de cativar os eleitores. Aquilo é o costume: um horror de blá-blá para que já não tenho a mínima pachorra e sei de antemão que nunca será cumprido.  Dito isto, do que avulso nos jornais e nos telejornais vou lendo e vendo, justiça lhe seja feita, é a menina do BE a melhor preparada e a mais acintosa. 

         - Todos se vão. Desta vez a pintora Lourdes de Castro. Comparo-a à minha amiga Carmo Pólvora, uma certa concepção da pintura onde vivem as sombras que irradiam a luz que projecta o interior do artista, o ritmo do tempo inventado para projectar a arte que brota da consciência e produz na tela a magia dos dias vestidos das manchas que a noite e a madrugada oferecem à densidade da tela.