terça-feira, dezembro 29, 2020

Terça, 29.

Odeio qualquer forma de ditadura e não compreendo que num mundo maioritariamente sob regimes democráticos, possa haver um só homem que domine o seu semelhante apoiado por militares que dele beneficiam. É o caso do “imperador” da China. Neste momento, tem detida a jornalista que primeiro informou sobre a Covid-19, em Wuhan. Está presa e há uma semana em greve de fome. O seu advogado teme pela morte de Zhabg Zhan dado que ela está decidida denunciar a injustiça até ao fim. Irá morrer porque não há memória de um tirano dar valor à vida humana.  

         - Outra forma de injustiça é frequentemente praticada pelos “socialistas” de António Costa. Cabe na cabeça de alguém sustentar aumentos de 200% para os gestores da TAP, entre eles aquele repolho alegre chamado Frasquinho, e em simultâneo reduzir os salários dos trabalhadores a partir de 900 euros em 25 por cento! Então o estado de falência da companhia não é para todos?! Mesmo que nos digam que essa parte pertence aos privados, a empresa é um todo e uma parcela dos nossos impostos que nos vai empobrecer e a viver pior nos próximos anos, é do nosso esforço que sai. Vamos ter ali o nosso desastre colectivo, as somas astronómicas que fogem do nosso bolso para sustentar uma obsessão ideológica, é criminosa. O Mágico reduziu à sua insignificância aquele que queria o seu lugar, mas quer-me parecer que é ele que vai acabar por ganhar a partida por cheque mate ao rei. 

         - O Carmo é impressionante. Logo de manhã estava-me a telefonar para que visse a RTP2 onde vem anunciada a sua exposição de desenho para o mês que vem nas Belas Artes. Já a semana passada, quando descíamos o Chiado, ele parou nas lojas por ali abaixo para deixar o cartaz do facto pedindo-lhes que o afixassem na montra. Eu não o condeno. A falta é minha como ele diz, porque não me chego a ninguém, não falo a ninguém e remata: “Não podes ficar à espera que te peçam os originais, tens que ser tu a esforçar-te para que os editores os leiam.” Teria razão se eu considerasse a “minha obra” como ele considera a sua. Felizmente para mim, é a sua realização que me faz feliz. 

         - Dia intervalado de sol e chuva, frio constante. Uma certa melancolia banhou as horas e para a afastar fui ao Alegro tomar café. Cruzei-me com algumas beautés que me perturbaram os sentidos. Continuo sensível aos rostos que querem transmitir aquilo que as profundezas do ser insiste em encobrir; o físico, sendo importante, não consegue sobrepor-se às feições que dizem mais e melhor que a sensualidade exposta ou descaradamente oferecida. Escrevo à secretária, o calorífero aceso, o céu pardacento chorando a miúde. São 15 horas e 17 minutos. Por estes dias, só a companhia de Green me tem sido estimulante.