domingo, dezembro 27, 2020

Domingo, 27.

De modo que depois de o “achatar da curva” veio a “bazuca” e agora “o que quero dizer lá pra casa”. Por quanto tempo mais teremos que gramar este charabia, este tição de vulgaridade, não sabemos. O que sabemos é do espectáculo que meteu comboio de polícia em motos, GNR a cavalo, câmaras de televisão, ministra e os mais altos cientistas  à chegada da prodigiosa vacina contra o coronavírus e a sua inoculação por médicos e enfermeiros destemidos e orgulhosos diante das televisões. Falam, falam mas não explicam o essencial como, por exemplo, se nos vacinamos – em principio é para ficarmos preservados de novo contágio – por que continuamos com os mesmos processos de protecção; quanto tempo dura a imunização; qual a previsão para a normalidade tão ansiada pela economia. Já ouvi que nem em 2022. Tudo isto é muito mal explicado ou as pessoas que era suposto saber, pura e simplesmente desconhecem. 

         - Primeiro instalou-se o caos, com mais de setenta quilómetros de filas de camiões para entrar no Reino Unido; a seguir, ao cabo de vários dias de desordem e desrespeito pelos profissionais da estrada, Boris Johnson anuncia como “prenda de Natal” o fecho do acordo (ou lá o que isso é) com a UE. Que Charlatanice! 

         - Frio. De manhã, para ir ao café e comprar o jornal, tive de utilizar a escova especial  limpa neve adquirida em Paris. Fui de gorro na cabeça, anoraque, luvas e chauffage a fundo da viatura. Da quinta desapareceu o tapete de verde e em seu lugar foi estendido um alvo e reluzente. Quem visse o carro com os seus flocos brancos nos vidros, diria que eu tinha acabado de chegar de uma estância de ski. Depois apareceu o sol, e o dia reconstitui-se à imagem duma bela manhã de inverno.