terça-feira, novembro 17, 2020

Terça, 17.

Eu ando a tentar perceber o que leva o Chega a impor-se tão rapidamente. Por isso, ontem, não sendo cliente da TVi e do menino Miguel (foi a primeira vez que o vi naquele canal), fiquei a assistir à entrevista que este fez a André Ventura. Sousa Tavares é um homem formatado à moda do antigamente, quero dizer olha para o que eu digo e não para o que eu faço ou sou. Daí que o gestor do Chega reduziu-o à sua insignificância, com argumentos absolutamente bem pensados, que têm o mérito de abalar as estruturas instaladas, convencionadas nas franjas da esquerda, mas que na prática, ao fim de 50 anos de democracia, nada fizeram para alterar o que emperra o progresso social e só alimentam a bazófia duma classe de privilegiados. Sê prudente, rapaz. Uma coisa é o que se diz, outra o que se faz. 

         - Já agora, porque vem a talho de foice, cito Manuel Hipólito Almeida dos Santos, Presidente da Ordem Vicentina de Auxílio aos Reclusos: “Não sou apologista do regime derrubado com o 25 de Abril. Mas, nessa altura, havia três mil presos em Portugal, hoje temos 12 mil – como é que num regime democrático se pode justificar?” e acrescenta: “Houve um crescendo de um modelo repressivo, de intolerância, que é inaceitável.” São estas as verdadeira questões que a esquerda foge a responder, preferindo a propaganda como disfarce à incompetência e aos factores ideológicos desajustados à realidade ou aproveitados por ela. Apetece-me recordar à esquerda o que dizia Bergson: a consciência é memória. 

         - Uma pergunta inocente: por que razão estão a morrer mais doentes com coronavírus em Portugal relativamente a outros países da Europa? 

          - A lata, a falta de vergonha, de um editor em me convidar, gratuitamente, a colaborar numa antologia. É  o mesmo editor que me endeusou e logo me deixou cair porque me recusei a dar-lhe 2 mil euros.