segunda-feira, novembro 23, 2020

 

Segunda, 23. 

Madrid desceu fundo no desespero devido aos senhores governantes que olharam para o seu umbigo em vez de tratarem dos madrilenos. Assim, este domingo abriu El Rastro.  É um lugar que eu conheço bem e se estivesse na capital espanhola, confesso que não me habilitaria a percorrê-lo agora. 

         - Não devemos confiar muito nas tecnologias, mormente nessas que falam por nós ou perseguem cada um dos nossos passos. O meu iphone é pantomineiro, fantasista e pouco credível. Apanhei-o, sexta-feira, a misturar alhos com bugalhos. Tudo o que ele registou sobre a minha estada em Lisboa, é falso. Eu não andei a penates 9 quilómetros, não subi 7 pisos, não dei 8423 passos. Essa maratona só no seu cérebro virtual, porque o surpreendi a contar as idas de comboio e metro como caminhadas ou corridas quando na realidade não fiz – de resto, os coxinhos, coitadinhos não são maratonistas. 

         - A propósito. As leis que a DGS ou da Mobilidade vá-se-lá-saber criaram para defender as grávidas, os velhos e os deficientes, são uma aberração. Ninguém nos comboios as respeita, obrigando os prioritários a lutas verbais e até corpo a corpo com os mentecaptos que não observam os seus direitos. Seguranças não há de modo que a anarquia e o salve-se quem puder é medonha. Somos um país de funcionários públicos, mas todos a pensar leis e procedimentos parecem abéculas entontecidas com o enorme esforço que lhes pede o seu cérebro pirralho. A pandemia trouxe-nos mais esta descoberta e colocou no lugar das normas antigamente mais acertadas como, por exemplo, nos supermercados e espaços públicos, as actuais só levantam humilhação e canseira àqueles que as dispensariam. Os coxinhos, coitadinhos, deviam ser ouvidos em matéria política que lhes diz respeito – são os mais equilibrados dos desequilibrados.

         - O espectáculo dos manos Black a saltar para caçar as borboletas vistosas que levantavam da erva! Dia lindíssimo, puro, luminoso. Estive a ler no terraço ao sol, com a serena paisagem onde repousava o olhar de tempos a tempos. Comecei a aparar a relva na parte sul da casa. Aparei duas oliveiras. Fiz outros pequenos trabalhos dispersos. São 16,25. Não deixei este espaço em todo o dia. Por aí andam milhares de portugueses a trabalhar para “achatar a curva”, mas a malvada em vez de reduzir a marreca, aumenta de volume, cresce em altura e deita a língua de fora, venenosa.