domingo, novembro 29, 2020

Domingo, 29.

O mercado financeiro está sempre a magicar o modo de nos fintar. Esta é recente. Tendo ido à cgd verifiquei que as máquinas tinham sido mudadas assemelhando-se às típicas distribuidoras de dinheiro. Surpreendido, fui obter esclarecimentos. A funcionária elucidou-me que agora podemos depositar dinheiro vivo nestas modernas, mas com um pormenor: o montante não estará disponível de imediato. Pus-me logo a magicar: então se aquilo é a mesma operação de quando escrevo no computador e ponho online o texto, os meus leitores têm acesso de imediato à sua leitura. Depois matutei: imaginem quantos milhares a SIBS não ganha em suster por horas aquilo que não lhe pertence. E se aplicar os montantes nem que seja por um dia num qualquer paraíso fiscal, quanto não lucrará! O Banco de Portugal decerto ainda não deu por isso...

         - A actual TAP, dirigida pelo ministro que bate todos os records de arrogância e prepotência, socialista bem entendido, está a fazer aquilo que condenou e impediu inicialmente aos privados donos da companhia. Vejamos as perspectivas já anunciadas e algumas praticadas: despedimento de 500 comandantes e co-pilotos, redução de salário em 25 por cento, 3000 postos de trabalho em causa, 750 indivíduos do pessoal de terra despedidos. Esta excelente obra não impede que nós os contribuintes que pagamos para o delírio e importância do ministro, ganhemos alguma coisa com o negócio - pelo contrário, continuamos a pagar impostos com língua de fora. 

          - Gás lacrimogénio contra manifestantes, em Paris, que incendiaram carros e equipamentos públicos em confronto directo com a Polícia. A raiz destes tremendos tumultos, está na “lei de segurança global” que proíbe, privados e jornalistas, de filmar as acções da Polícia nas ruas. Acontece que de véspera, foi divulgado um vídeo de uma barbárie inaceitável, na pessoa de um produtor musical. Na sequência, a Praça da Bastilha encheu-se de um mar de gente irada. A obra do ministro do Interior, um tipo com várias acusações de abuso de mulheres, vai ter que ser posta de lado. 

         - Frases que marcam o dia:

          A graça do João quando me telefonou para casa: “Julguei que estavas no Congresso do PCP.” 

          “Cristo acontece no nosso acontecer quotidiano.” Frei Bento Domingues, Público.

          “Morre-se de uma forma muito dura hoje em qualquer sítio em que se esteja com a covid-19 nas mãos.” Filipe Almeida, presidente da Comissão de Ética do Hospital de S. João numa extraordinária entrevista ao Público. Li-a de emoção e aconselho a sua leitura aos meus leitores.  

          “A espinha espetada na garganta do grande capital” – linguagem de João Oliveira, em pleno séc. XXI, no Congresso do PCP. Ou esta do mesmo senhor, no mesmo congresso, no mesmo século: “Ficará para a história a reposição de direitos que se julgavam perdidos e conquista de outros que não se esperavam conquistar.”

         - Choveu todo o dia. Ontem, antes de me deitar, pus um taralhouco na lareira que durou toda a noite e parte da manhã. O quarto cujo calor subiu pela chaminé saindo pela grelha, manteve-se aconchegante. Li Green (pág. 340), S, Paulo. Francis telefonou-me demorando-se a contar as aventuras homo entre Winston Churchill e o compositor Benjamim Britem que eu conhecia. Oscar Wilde sofreu por causa do pusilânime político que nunca saiu abertamente do armário.