terça-feira, novembro 10, 2020

Terça, 10.

Trump não desarma. Instalado na Sala Oval, em vez de tratar de passar o testemunho ao seu sucessor, não reconhece Joe Biden, despede o ministro da Defesa por Twitter, contesta em tribunal os resultados do referendo de domingo e dizem as televisões vai criar a sua própria cadeia de televisão, que se encarregará de preparar as próximas eleições daqui a quatro anos onde ele chegará triunfante. Personagem de romance, este tipo. 

       Veja se reconhece a personagem,

  - As cicatrizes da Covid -19: os meus amigos Lionel e Mai-Hong (ambos médicos) e os dois filhos estão infectados com o vírus chinês. Uma praga! Eu parece que adivinhava. Cada vez que nos falávamos por WhatsApp, dizia ao Lionel para ter cuidado porque, sabendo como são os médicos, todos os cuidados com os outros e nenhuns para consigo próprios. Por cá, mais 3817 novos casos e 62 mortes. Horror!, horror! 

         - A Pflizer antecipa-se e prepara já para o mês que vem uma vacina. Outros laboratórios o anunciaram e depois recolheram o entusiasmo. Eu não costumo dar nenhum crédito ao jornalismo português sobre esta matéria e sobre tantas outras. Prefiro ouvir os especialistas nacionais e internacionais. O patuá das televisões não se recomenda a ninguém.  

         - Vi com imenso interesse a entrevista de Lídia Jorge ao canal 1 da RTP. Ela é a sua obra, a sua obra é ela. Ambas são iluminadas pela sabedoria que estende raízes além da transitoriedade desta vida. 

         - Comecei o dia lendo Green (pág. 210). O projecto era intercalar a escrita com trabalhos no campo logo às primeiras horas da manhã. O que acabou por acontecer, mas de uma forma ronceira, patinete, desmotivadora. Mesmo assim 196 caracteres acrescidos ao romance. Não tendo deixado este espaço em todo o dia, acabaram por se irmanar nele uma série de afazeres que me deixaram satisfeito e contribuíram para a minha pessoal utilidade no mundo. Porque cada um de nós com toda a sua idiossincrasia é o centro do mundo. Recolha da vinha virgem, queima do segundo monte de detritos assim. Tempo lindo. Janelas abertas em cima e em baixo. Silêncio. Aquele silêncio especial e puro de que me falava ontem o Carlos Soares desejoso de aqui tornar.