quarta-feira, novembro 25, 2020

Quarta, 25.

Todos os países da Europa têm já montados esquemas de vacinação contra o SARS-COV-2. A França, apesar do seu presidente, está a trabalhar, inclusive, para acudir àqueles que foram atingidos pela Covid-19 e vão precisar de cuidados especiais para recuperar das sequelas do vírus. Nós, como somos um grande país, governado por cérebros iluminados pela Providência, com milhões de seres arrumados num vasto espaço territorial, estamos ainda a montar uma organização que os nossos governantes afiançam vir a ser a melhor do mundo como, de resto, tem acontecido com a vacina da gripe. Há até um punhado de patrióticos portugueses que pensam inscrever o plano do governo no Guiness. 

         - “Não acredito nas improvisações dos nossos cabotinos filósofos e literários. Poetas e professores são todos uma cambada de comediantes. Não se pode dizer que o público seja comido por parvo, pois é ele que os incentiva com o seu aplauso, e quanto aos nossos oradores políticos, as suas almas são tão pouco dotadas de enlevo e de poesia que os respectivos discursos não passam de declamações mais ou menos articuladas.” George Sand, Diário Íntimo, pág. 133, ed. Antígona. 

         - Não pus a cabeça fora de porta. Dia de chuva, sorumbático. Trabalhei no meu livro com pausa demorada a certa altura para encontrar a palavra exacta; fecho e abro dicionários por uma boa meia hora. Tempo imóvel. Sentimento profundo que Terra e Céu se juntam enfim como batalhou S. Paulo, justamente, para mim um mistério (ou ignorância). Como pôde ele saber tanto sobre o NT quando este só começou a ser impresso 50 anos mais ou menos após a morte de Jesus Cristo. Um dos irmãos do Nazareno, Tiago,  divulgou a palavra do Senhor com ele, Saulo de Tarso, e nem sempre em boa sintonia. Desacordos vários levaram-nos a afastar-se. Tenho a lareira acesa na cozinha. Vou tomar um duche.