Terça,
2.
O
crescimento de novos casos de coronavírus na região de Lisboa e daqui com
possibilidade de irradiar para outros pontos do país, traz os governantes
apreensivos. Numa altura em que o futebol começou a pôr as gaipas de fora e
estamos já a levar com treinadores e presidentes de clubes a falar de milhões,
no tom de donos disto tudo e o português que se lhes conhece, é o pavor que se
instala. Ainda por cima, certos enrabichados, ameaçam – não podendo entrar nos
campos – seguir os jogadores até aos estádios. Esta demência clubista é sempre
perigosa, mas nesta altura pode ser mortal. Estávamos tão sossegados! A vida
era tão bonançosa, o equilíbrio e o silêncio expandia-se para fora de nós e
introduzia na atmosfera o elemento sereno que lhe é próprio e se enquadra na
sua natureza, e eis que somos apedrejados por gente vulgar, gananciosa, pobres
de espírito, indiferentes aos outros, para quem o poder e o dinheiro é a base
única para que vieram ao mundo. Daqui não podem levar aquilo que obsessivamente
armazenaram – é bem feito.
- O Público, outro dia, trazia um
artigo curioso, da autoria de Pedro Garcias. Na página aparecia um tipo com ar
esgrouviado que eu rememorei se conhecia antes de atacar a leitura. De facto, o
homem não me era estranho, mas não sabia de todo quem era. Atirei-me ao artigo
que começa com grande elogio a um tal Ljubomir para o lançar na fossa de onde
nunca devia ter saído. O homem diz-se chefe cozinheiro e só então me recordei
tê-lo visto não sei em que canal a despachar impropérios, fúrias, contra
criaturas definhadas de medo na sua frente. Ele o suprassumo da arte da
cozinha, permitia-se quase bater nas aspirantes à profissão, donas e donos de
pequenos restaurantes por essa província fora. Disse daí a minutos a assistir à
promoção alarve e bronca do sujeito: “Veio este tipo de longe, demos nós
acolhimento a esta besta, um povo que parece gostar de quanto-mais-me-bates-mais-eu-gosto-de-ti,
e este estrume faz um programa de televisão de ofensas vomitadas, que decerto
os espectadores (alguns) acham divertido.” O bronco é de tal ordem, que se orgulha da
vingança a Ricardo Salgado, quando este abancou no restaurante que o
espertalhão teve em Cascais: “Não consegui vingar os portugueses pelo dinheiro
que lhes foi roubado, mas consegui, no mínimo, fazê-lo cagar uns três ou quatro
dias.” Palavras para quê, o próprio se reconhece! Quanto ao canal que dá covil
a isto, só tenho uma palavra - estrumeira.
- Falei com a Gi, João Corregedor,
Rocha Pinto. As hortênsias estão, enfim, em flor. Apanhei um cabaz de pêssegos.
Estão com cor e perfume admiráveis, mas ainda não se comem. Não quero cair no
erro do ano passado - quando fui por eles já a passarada havia comido tudo.