Quinta, 18.
Será
possível que sejamos tão idiotas que não vejamos o que nos entra casa a dentro?
Se a política é hoje uma fantasia, um exercício de interesses, de propaganda, uma aposta no
passageiro, um palanque de galos cantando ao desafio - contudo em uníssono para
parecer afinado -, se não nos apercebemos disso, então, meus senhores, somos
criaturas manipuladas, alheias ao que nos cerca, distraídas do que em nosso nome
se vai a pouco e pouco instalando à revelia da moral, da liberdade e da nossa
aprovação. A imensa capa do futebol que tudo gere, ocupa espaços informativos,
faz a discussão única, aliena e submete e é quem nos governa e, sobretudo, orienta
uma ampla área de pessoas que vai dos políticos ao ignorante jogador de
futebol. Ainda o corona não nos deixou, já os governantes do Chefe de Estado ao
primeiro-ministro, abrem portas com orgulho dito nacional, à entrada dos
fanáticos adoradores da bola. Nas tintas para a progressiva inundação da
Covid-19 que todos os dias alastra, mas no entender desses senhores o
campeonato X é uma honra para os profissionais de saúde (Marcelo dixit), portanto, uma vénia à
“segurança” que Lisboa oferece. Eu sou franco, corto-lhe o pio assim que o
papagaio começa a palrar, porque ter que o gramar com aquele seu jeito
hipócrita todos os dias, é tarefa que os meus ombros e o meu cérebro não
aguentam.
- Felizmente, os portugueses estão a
ser mais sensatos que os que os conduzem. Fui à Baixa esta manhã e daqui até
Sete Rios poucos viajantes, no metro idem, por todo o lado não se vê quase ninguém.
Os lisboetas têm medo. E em vez de confiarem no primeiro-ministro como antes,
acham que ele se rendeu à economia, ao poder alarve do futebol, ao turismo de
massas e assim. Ele está-se nas tintas igualmente para o Planeta, o buraco do
ozono, porque de contrário saberia que aviões e barcos que trazem aos magotes
povos desvairados de sol e boa comida, se possível gastando pouco, são
mais perigosos que os automobilistas que depois irão pagar o desvario climático
que esses caracóis ambulantes deixam. O Mágico e todos os outros feiticeiros,
carregam sobre os fracos e deixam de fora os fortes – indústria, multinacionais,
produção sem controlo, etc.
- Escrevi página e meia, ontem. Nada
mau, atendendo à complexidade do argumento e à estrutura narrativa. Não quero
acelerar, desejo ir desbravando à medida que a história se me vá impondo e a
silhueta das personagens mostrando. Claro, escrevo para mim. Hoje a arte está
em stand by e por todo o lado. Dou razão
àqueles leitores que me dizem que com o espírito critico que é o meu (eu chamo
liberdade), é muito difícil encontrar alguém que me queira publicar. Eu sei.
Sei em que país vivo. Mas todos não imaginam a alegria, a disponibilidade, a independência,
a força que a liberdade me dá. Como não espero nada de ninguém, posso trabalhar
solto, lúcido, íntegro e sem ter que bajular medíocres – e isso é uma bênção do
céu que se calhar não mereço. Bastam-me os leitores (cada vez em número maior)
destas páginas (fui espreitar 47.218)!