sábado, junho 27, 2020

Sábado, 27.
É manifesto que o Mágico perdeu o controlo e agora quer-se impor pela ordem como fazem os fracos. Ou dito de outro modo: desde que Costa deixou de ser António Costa e passou a fazer política, a ser o político, o país entrou em derrapagem. Façam ou não testes – eu entendo que devem fazer – o vírus não desaparece. Não são os testes que matam o corona, é o desleixo das pessoas como aquelas que eu vi ontem no Fertagus a descer a máscara para espirrar ou a usá-la apenas na boca “porque custa a respirar”. 

         - De resto, por todo o lado, o número de infectados não pára de crescer. Só no país governado pelo especulador imobiliário, ontem, mais 40 mil novos doentes, 47 milhões de desempregados e um milhão de mortos. O Brasil, idem, idem. Mas também a Inglaterra, Suécia e assim. É assustador! O Texas, a Florida e a Califórnia desceram os taipais e não deixam ninguém sair de casa.  
  
         - Li 100 páginas das duzentas do último trabalho de João Tordo enquanto ia juntando de meia em meia hora cloro na água da piscina. O facto de as estações se terem ausentado do calendário, trouxe um motivo mais de preocupação no tratamento diário da água. Continuando. Não tendo chegado ao fim do livro, embora já com uma ideia estabelecida, posso concluir para já da razão que levou o escritor a não responder ao meu e-mail: não quer ser incomodado. Eu sou mais um daqueles chatos que desviam o génio da sua obra (“já perdi a conta à quantidade de vezes que não atendi um telefone a tocar, ou ignorei uma voz a chamar-me, ou me irritei com o carteiro a tocar à campainha...”) e não, como me diz o amigo comum que me passou o seu endereço electrónico, “pois... estrelas”.


         - Acordei a pensar em avançar com o Matricida que não despega dos meus neurónios. Mas viver numa quinta é abraçar o prazer do silêncio e mergulhar na chatice dos afazeres que nunca afrouxam. Assim, o dia saldou-se apenas na companhia de Tordo e do Público. Pouca coisa? Talvez não, no final de verá. 15, 45. No dia couberam sem se afirmarem as quatro estações do ano. Alinho estes caracteres no terraço, debaixo do grande guarda-sol, o Black deitado a meu lado, a passarada tagarela a dialogar ao largo.