Sábado, 27.
É manifesto que o Mágico perdeu o controlo e
agora quer-se impor pela ordem como fazem os fracos. Ou dito de outro modo:
desde que Costa deixou de ser António Costa e passou a fazer política, a ser o
político, o país entrou em derrapagem. Façam ou não testes – eu entendo que
devem fazer – o vírus não desaparece. Não são os testes que matam o corona, é o
desleixo das pessoas como aquelas que eu vi ontem no Fertagus a descer a
máscara para espirrar ou a usá-la apenas na boca “porque custa a
respirar”.
- De resto, por todo o lado, o número de infectados não pára de crescer.
Só no país governado pelo especulador imobiliário, ontem, mais 40 mil novos
doentes, 47 milhões de desempregados e um milhão de mortos. O Brasil, idem,
idem. Mas também a Inglaterra, Suécia e assim. É assustador! O Texas, a Florida
e a Califórnia desceram os taipais e não deixam ninguém sair de casa.
- Li 100 páginas das duzentas do último trabalho de João Tordo enquanto
ia juntando de meia em meia hora cloro na água da piscina. O facto de as
estações se terem ausentado do calendário, trouxe um motivo mais de preocupação
no tratamento diário da água. Continuando. Não tendo chegado ao fim do livro,
embora já com uma ideia estabelecida, posso concluir para já da razão que levou
o escritor a não responder ao meu e-mail: não quer ser incomodado. Eu sou mais
um daqueles chatos que desviam o génio da sua obra (“já perdi a conta à
quantidade de vezes que não atendi um telefone a tocar, ou ignorei uma voz a
chamar-me, ou me irritei com o carteiro a tocar à campainha...”) e não, como me
diz o amigo comum que me passou o seu endereço electrónico, “pois... estrelas”.
- Acordei a pensar em avançar com o Matricida
que não despega dos meus neurónios. Mas viver numa quinta é abraçar o prazer do
silêncio e mergulhar na chatice dos afazeres que nunca afrouxam. Assim, o dia
saldou-se apenas na companhia de
Tordo e do Público. Pouca coisa? Talvez não, no final de verá. 15, 45. No dia
couberam sem se afirmarem as quatro estações do ano. Alinho estes caracteres no
terraço, debaixo do grande guarda-sol, o Black deitado a meu lado, a passarada
tagarela a dialogar ao largo.