Terça,
23.
Vários
ataques horrendos reivindicados pelo Daesh em igrejas e hotéis no Sri Lanka,
resultaram em mais de três centenas de mortos e quase quinhentos feridos. Isto
no Domingo de Páscoa por certo o dia escolhido não só para assumir os bárbaros
crimes, como para dizer aos católicos que o Islão quer-se substituir custe que
custe (a religião maioritária do país é o Budismo). O incrível desta
monstruosidade, é que o Governo tinha sido avisado do que se preparava e nada fez
para a prevenir. E talvez porque Abu al-Baghdadi queira dizer ao mundo que
continua vivo e a sua assassina organização não acabou nos combates na Síria.
Em nenhum lado estamos livres de ataques extremistas. O mundo é um lugar
sinistro.
- Os gilets jaunes, mesmo em tempo de quaresma, não largaram as ruas.
Também eles por força das circunstâncias, parecem tombar para os extremismos.
Ouvi-os em Paris incitar os polícias ao suicídio. Uma bestialidade intolerável,
sobretudo porque na classe dos agentes em França, nos últimos tempos, têm
ocorrido bastantes suicídios. Quando às reais reivindicações se entrepõe o
ódio, estamos conversados.
- Domingo de Páscoa, assisti à missa
transmitida do Vaticano. Impressionante aquele extenso silêncio a seguir à
Comunhão. Na grande praça repleta de fiéis, não se ouvia um ruído. Jovens e não
jovens recolhidos respiraram o silêncio enquanto substância de comunicação com
o divino.
- Eu tinha razão para dizer que o
Domingo de Páscoa era um dia de festa. Evidentemente que pensava na Ressurreição
de Jesus Cristo, mas acabou também por ser metaforicamente falando, o regresso
à vida do pequeno melro prisioneiro na chaminé há pelo menos duas semanas. Mostrou-se
no vidro e agitou as asas como quem exclama: “Estou aqui, solta-me.” Foi o que
fiz, agarrando-o com imenso cuidado, observando o seu corpo pequeno vestido de
cores ternas em tons azulados e escuros, o bico amarelo, assustado. Assim que o
pus sobre a pedra lá fora, parecia apatetado e só daí a uns minutos levantou
voo para se ir enfiar pela nesga da porta da casa das máquinas. Fui lá daí a
meia hora e abri a porta toda para que ele saísse quando lhe aprouvesse, mas não
o vi. Uma carga pesada aligeirou-me de atormentações: destruía-me ouvi-lo lutar
pela vida todos os serões.