sexta-feira, abril 19, 2019

Sexta Feira Santa.
Em vez de me recatar, parti para Lisboa ao encontro dos amigos que reclamavam a minha presença. Chegado ao Chiado, deparei com uma vaga humana impressionante e tive de nadar para entrar na Brasileira. Era o famoso turismo de massas. Mais acima, junto do Príncipe, na companhia do Carlos, um grupo grande de jovens abancavam numa esplanada em agitação, gritaria e risada. Quis perceber o que se passava e dei com uma cena insólita: um deles, em calções de banho, mostrava aos restantes o que lhe sobrava entre as pernas. “Tu viste alguma coisa”, pergunta o Irmão. – Sim. – E era de monta? – Um pífaro, mas não tocava.” O useiro riso desaforado dele eclodiu em decibéis próximos dos reinadios. Depois acabámos a almoçar no Adega da Mó, seguido de curto passeio pela Baixa, sempre num tumulto divertido que trava o meu amigo por demasiado espontâneo e natural.

         - Ficando neste registo. No comboio que me levou à capital, a dada altura, entram dois jovens que não teriam 18 anos. Abancam a meu lado. O mais alto põe uma perna a meio das pernas abertas do mais baixo. Durante todo o percurso, esta gente moderna e afoita, estando um em frente do outro, pareciam hipnotizados, o olhar azul melado do mais pequeno, a sua mão acariciando em permanência a perna que por sua vez lhe acariciava a zona genital. Este jogo sensual, durou todo o percurso. Eu assistia, discreto, a tudo.


         - Robert e a mania das fotografias. Esta assinala um tipo recolhido, absorvido sebe-se-lá em quê, que não deu pelo flache. Vou assistir à Via-Sacra de Roma pela televisão.