Sexta
Feira Santa.
Em
vez de me recatar, parti para Lisboa ao encontro dos amigos que reclamavam a
minha presença. Chegado ao Chiado, deparei com uma vaga humana impressionante e
tive de nadar para entrar na Brasileira. Era o famoso turismo de massas. Mais
acima, junto do Príncipe, na companhia do Carlos, um grupo grande de jovens
abancavam numa esplanada em agitação, gritaria e risada. Quis perceber o que se
passava e dei com uma cena insólita: um deles, em calções de banho, mostrava
aos restantes o que lhe sobrava entre as pernas. “Tu viste alguma coisa”,
pergunta o Irmão. – Sim. – E era de monta? – Um pífaro, mas não tocava.” O
useiro riso desaforado dele eclodiu em decibéis próximos dos reinadios. Depois
acabámos a almoçar no Adega da Mó, seguido de curto passeio pela Baixa, sempre num
tumulto divertido que trava o meu amigo por demasiado espontâneo e natural.
- Ficando neste registo. No comboio
que me levou à capital, a dada altura, entram dois jovens que não teriam 18
anos. Abancam a meu lado. O mais alto põe uma perna a meio das pernas abertas
do mais baixo. Durante todo o percurso, esta gente moderna e afoita, estando um
em frente do outro, pareciam hipnotizados, o olhar azul melado do mais pequeno,
a sua mão acariciando em permanência a perna que por sua vez lhe acariciava a
zona genital. Este jogo sensual, durou todo o percurso. Eu assistia, discreto,
a tudo.
- Robert e a mania das fotografias.
Esta assinala um tipo recolhido, absorvido sebe-se-lá em quê, que não deu pelo
flache. Vou assistir à Via-Sacra de Roma pela televisão.