quinta-feira, abril 18, 2019

Quinta, 18.
Trago ainda suspenso da memória a visita ao labiríntico Thyssen de Madrid. Isto porque me impressionou e tocou uma tela de Anton van Dyck (1627), Cristo na Cruz. Está escondida numa das últimas salas, depois de atravessarmos arrastando os pés de chumbo todo o museu, em frente da qual chegamos exaustos. Detive-me um tempo esquecido a olhar aquele corpo perfeito, a cabeça pendente para a esquerda, o olhar onde a dor e o mistério, o desconhecido da morte, no instante na Ressurreição, fixa o céu lá longe, num lugar desconhecido cujo acesso só conheceremos chegada a nossa hora, apelando ao Pai ajuda. Este quadro magnífico, não vem no catálogo geral do museu, dois volumes com mais de 800 páginas cada, impressas a cores, na terceira edição de 1994, com todo o património do museu que adquiri numa das vezes que fui à capital espanhola de carro. Também a foto que tirei não diz da luminosidade do olhar, da expressão e de toda a envolvência que o trabalho de van Dyck consagra.


         - Acordei com estas palavras: “Je pense donc j´existe.” O conceito catersiano não é propriamente este, mas sim: Cogito ergo sum (Je pense donc je suis).  Mas a que propósito soletro eu Descartes ao abrir os olhos? Mistério.

         - Os motoristas de mercadorias perigosas, instalaram na sociedade um ulá-lá de inquietação ao atacarem o carrinhos de brinquedos dos portugueses. O que eles foram fazer! Como se atreveram! O país inteiro parou, os condutores particulares fizeram filas incríveis por horas para encher os depósitos, injúrias e ameaças invadiram as estradas. Ainda por cima em semana de Páscoa, quando as famílias exibem galhardamente o automóvel lustroso em passeios veraneais! Crime de lesa majestade! A nenhuma destas criaturas ocorreu que os profissionais do ramo ganham 600 euros para um trabalho muito violento e também eles têm direito a férias de Páscoa “em família”.


         - O pássaro não se decide a descer da chaminé ao rés-do-chão. O Fortuna diz que tem um método eficaz: pôr um rato morto no lugar da lenha. Diz que é tiro e queda.