Domingo,
28.
Enfim,
está Duarte Lima na prisão. O homem que se ofuscou com a riqueza, o poder, a
importância dos cargos que em democracia deviam ser encarados por transitórios
e entre nós são o escândalo da arrogância, da corrupção, do compadrio e da
mentira. Espero que ele no silêncio do cárcere, desfie a sua ascensão meteórica
e a queda abrupta que desnudou por completo uma vida alicerçada em valores que
nada tinham de humano e muito menos de solidários. Resta-lhe provar que não
matou a companheira de Tomás Feteira como pretende a justiça brasileira. Este
Lima como aqueloutro Vara, são o retrato de uma sociedade nascida no 25 de
Abril e cujas ramificações ainda persistem (caso de José Sócrates e muitos
autarcas e deputados) e são culpa directa da nossa Justiça aliada ao poder onde
abundam os primos, as esposas, os sobrinhos e os sítios em código das contas offshore.
- Vasco Pulido Valente, no Público de
ontem, fala do 25 de Abril de 1974 nestes termos: “Vieram à televisão uns
militares caducos parecendo ofendidos por se chamar “selvagem” à assembleia do
11 de Março. E tentando esconder os fuzilamentos que lá propuseram personagens
de peso, milicianos, anónimos, e um grupo extraviado do MRPP. Peço desculpa.
Ainda me lembro de Álvaro Cunhal, num excitado comício, prometendo aos
camaradas, que gritavam “uma só solução, fuzilar a reacção” que não perdiam
pela demora. O delicioso dia “inicial, inteiro e limpo” de Sophia de Mello
Breyner foi a caverna dos ventos da violência. Os militares não tinham
absolutamente nada de democrático. O 25 de Abril não se fez pela liberdade; fez-se
para a tropa voltar para casa. E uma bela manhã, Álvaro Cunhal desembarcou em
Lisboa imitando deliberadamente a chegada de Lenine à estação da Finlândia.”
- Os gilets jaunes respondem a
Chou Chou voltando à rua. Em Estrasburgo houve mesmo sérias escaramuças. A
mensagem é sempre a mesma: dégage!
- Moçambique foi de novo atacado pela
desgraça. O ciclone Kenneth fez monstruosas inundações e o país que era já
pobre, ficou de rastos com novas epidemias a perfilarem-se no horizonte.