sexta-feira, abril 05, 2019

Sexta, 5.
Não vivemos numa democracia, estamos numa monarquia. A quantidade de familiares que os nossos políticos chamam para com eles colaborarem nos ministérios públicos, começa a ser inquietante. A pergunta que corre é esta: não haverá gente qualificada fora dos seus familiares? Ontem demitiu-se Carlos Martins, secretário de Estado do Ambiente, nomeado por um primo, com estas palavras: “Ao longo destes anos, agi sempre por critérios de boa-fé e tentei dar o meu melhor.” Oh, por quem sois! Este sujeito, é o mesmo que durante muito tempo auferiu 778 euros/mês por ter declarado que vivia no Algarve, quando a sua residência habitual era em Cascais. Bem pode Costa afirmar que as nomeações logram ser condenadas do ponto de vista ético, mas não legal que isso não altera a má reputação que acompanha o seu Governo. O que o Mágico não diz, é que quem faz as leis são, na maioria das vezes, os advogados não eleitos que formigam pelas centrais de advocacia. Por isso, eles agora recusam rever a lei como propõem o Chefe de Estado, com o pretexto que é tudo uma questão de ética! Depois espantam-se que se generalize a ideia que os políticos são grosso modo aproveitadores em vez de servidores.

         - Entre a escrita e a leitura, que preferes tu? A leitura seguramente.

         - A propósito da formidável propaganda do Governo quando do lançamento do passe Navegante, o brilhante jornalista que é António Guerreiro, sempre com um pensar metafísico que não se vê em nenhum dos seus congéneres, escreve no Público de hoje: “A política que não prescinde do storytelling, mesmo quando tal é completamente desnecessário, tornou-se um vício, uma forma de embriaguez. É uma turma de ministros ébrios, segurando com a ponta dos dedos o passe dos transportes colectivos como se fosse uma “litrosa”, aquilo que vemos nas fotografias. E não é coisa bonita de se ver.”


         - Chuva, frio, granizo em vários pontos do país e neve na Serra da Estrela. Depois do almoço, abanquei na sala de jantar diante da lareira acesa. Que me lembre, é a primeira vez que acendo a lareira nesta altura do ano. Para que conste, estamos em Abril.