Sexta, 5.
Não vivemos
numa democracia, estamos numa monarquia. A quantidade de familiares que os
nossos políticos chamam para com eles colaborarem nos ministérios públicos,
começa a ser inquietante. A pergunta que corre é esta: não haverá gente
qualificada fora dos seus familiares? Ontem demitiu-se Carlos Martins, secretário
de Estado do Ambiente, nomeado por um primo, com estas palavras: “Ao longo
destes anos, agi sempre por critérios de boa-fé e tentei dar o meu melhor.” Oh,
por quem sois! Este sujeito, é o mesmo que durante muito tempo auferiu 778
euros/mês por ter declarado que vivia no Algarve, quando a sua residência
habitual era em Cascais. Bem pode Costa afirmar que as nomeações logram ser
condenadas do ponto de vista ético, mas não legal que isso não altera a má
reputação que acompanha o seu Governo. O que o Mágico não diz, é que quem faz
as leis são, na maioria das vezes, os advogados não eleitos que formigam pelas
centrais de advocacia. Por isso, eles agora recusam rever a lei como propõem o
Chefe de Estado, com o pretexto que é tudo uma questão de ética! Depois espantam-se
que se generalize a ideia que os políticos são grosso modo aproveitadores em
vez de servidores.
- Entre a
escrita e a leitura, que preferes tu? A leitura seguramente.
- A propósito da formidável propaganda
do Governo quando do lançamento do passe Navegante, o brilhante jornalista que
é António Guerreiro, sempre com um pensar metafísico que não se vê em nenhum
dos seus congéneres, escreve no Público de hoje: “A política que não prescinde
do storytelling, mesmo quando tal é
completamente desnecessário, tornou-se um vício, uma forma de embriaguez. É uma
turma de ministros ébrios, segurando com a ponta dos dedos o passe dos
transportes colectivos como se fosse uma “litrosa”, aquilo que vemos nas
fotografias. E não é coisa bonita de se ver.”
- Chuva, frio, granizo em vários
pontos do país e neve na Serra da Estrela. Depois do almoço, abanquei na sala
de jantar diante da lareira acesa. Que me lembre, é a primeira vez que acendo a
lareira nesta altura do ano. Para que conste, estamos em Abril.