quinta-feira, abril 04, 2019

Quinta, 4.
Assim que encontro uma brecha nas minhas leituras ou nos meus dias preenchidos de afazeres que nunca terminam ou quando o desânimo se instala, é para Julien Green que me volto. Estou a reler pela terceira vez L´Expatrié. O livro começa com uma larga interrogação sobre o século XXI que ele não chegou a conhecer tendo falecido em 1998. Logo na primeira página sublinho: “Le XXIe siècle n´existera vraiment que lorsque auront disparu les beaux parleurs et leurs discours qui tracent des frontières et installent des hiérarchies factices. Le plus souvent, les hommes d´Etat n´excitent que ce qu´il y a de plus bas et de plus partisan. Et si le siècle à venir était celui de l´âme...” Por outras palavras, mas dentro do mesmo raciocínio, foi aquilo que disse ontem na tertúlia na Brasileira. Como sempre estive só. Nem o João que foi nosso deputado, nem o X que esteve em Bruxelas, nem o Mário economista consideraram o meu pensamento, cada qual trancado em valores que dão a supremacia à política em desprimor do indivíduo.


         - Pela manhã, antes mesmo de a Piedade chegar, já tinha limpado a grande frente de rua e uns quantos metros contíguos do lado da propriedade. Nesta altura do ano, os meus esforços vão para o campo onde tudo exige a minha atenção. Trabalho agora com uma cinta que se ajusta à cintura, de forma a equilibrar a coluna e a causar menos danos aos rins. Os movimentos com a roçadora, são uma espécie de dança que arrasta todo o corpo e obriga a fixar com firmeza os pés na terra. Dia luminoso, sol a jogar às escondidas, um pouco de frio inesperado.