Terça, 1 de Janeiro.
Mais
um ano, um ano mais. As primeira linhas subtraídas às palavras que se escondem
debaixo das emoções e da estupefacção, são uma espécie de gurita por onde o
tempo espreita e não vê motivo de se alargar por mais doze meses. Uma grande
interrogação está emoldurada no quadro da porta por onde entrarão os meses com
a sua carga de desgraças, revoltas, humilhações, e, espero, alguma esperança ou
compensação pelo esforço humano de viver que os homens hoje carregam.
Dizem que o que fazemos neste primeiro
dia do ano, será multiplicado até à derradeira hora antes de escutarmos os
carrilhões anunciando a chegada de 2020. Pois que assim seja. Pela minha parte,
homem de trabalho, depois de oito horas de sono, trabalhei no Juiz Apostolatos, terminei a limpeza da
erva inconveniente em frente à casa, fiz duas horas de leitura, limpei as lareiras, assisti ao
Concerto de Ano Novo de Viena, recebi a bênção papal Urbi et Orbi pela televisão,
fiz scones, o almoço e respondi a votos simpáticos de umas quantas almas
caridosas – sms e e-mails -, não deixei por um minuto este reduto banhado do
sol radioso que não existe em mais nenhuma parte do mundo.